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Cotidiano

'A reforma trabalhista foi um apocalipse social'

A frase acima é do deputado ­federal Roberto de Lucena (PV). Ele visitou o Diário do Litoral ontem e ainda disse que a previdência não é deficitária como afirma o Governo Temer

Carlos Ratton

Publicado em 19/01/2018 às 11:19

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O deputado ­federal Roberto de Lucena (PV) visitou o Diário do Litoral nesta quinta-feira (18) / Rodrigo Montaldi/DL

A frase acima é do deputado ­federal Roberto de Lucena (PV). Ele visitou o Diário do Litoral nesta quinta-feira (18) e ainda disse que a previdência não é deficitária como afirma o Governo Temer. Autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visa congelar o salário de todos os políticos do País por cinco anos, o parlamentar é também um forte combatente da exploração sexual infanto-juvenil, que já foi tema de diversas reportagens especiais do Diário. Confira os principais trechos da entrevista.

Diário – Por que um apocalipse social?
Roberto de Lucena – Embora necessária para atualizar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), ela passou do ponto porque avançou sobre direitos sociais e dos trabalhadores no momento que o Brasil estava com 14 milhões de ­desempregados. O Congresso tomou uma postura covarde, que vai causar muitos prejuízos à ­sociedade.

Diário – A Previdência é deficitária como alega o ­Governo?
Roberto de Lucena –
O déficit não existe. Basta recuarmos a DRU (Desvinculação de Receitas da União) de 30 para 15%, estudarmos melhor a aposentadoria rural, que é deficitária, colocando na área da Assistência Social, e organizarmos a urbana, que é superavitária, eliminando as fraudes. O que sobra é o rombo da previdência resultado de ambos de má gestão. Esse rombo se resolve revendo a agenda de desonerações, cobrando os grandes devedores privados e públicos, cuja dívida chega a cifra de meio trilhão de reais. O Governo está fazendo o contrário, anistiando. Não dá para o trabalhador pagar essa conta. Também é preciso vender imóveis ociosos do INSS que só dão ­despesas. Essa reforma não vai afetar privilégios porque não vai atingir, por exemplo, os ­militares e as cúpulas do Judiciário, do Ministério Público e Tribunal de Contas.

Diário – A PEC para congelar salário dos políticos ­passa?
Roberto de Lucena –
Deveriam ser reduzidos, pelo menos, pela metade. Esse gesto político tem que ser feito. Não é uma questão apenas de economia, mas de moral, diante da situação do País, onde se congelou por 20 anos investimentos na saúde e educação. Precisamos cortar na carne.

Diário – O senhor combate a exploração sexual infanto-juvenil. Isso não deveria ser uma guerra comum a todos os brasileiros?
Roberto de Lucena –
Isso é uma vergonha em pleno século 21. Ainda temos que lidar com o turismo sexual. Infelizmente, nossa sociedade é tolerante, apesar do grande serviço ­prestado pelos conselheiros tutelares, verdadeiros anjos, heróis anônimos, que lutam para tirar crianças e adolescentes dessa situação, mesmo com poucos recursos. Eu, quando fui secretário, provoquei o Ministério do Turismo e foi iniciada uma grande campanha nacional de combate à exploração. No Estado, começamos por Santos e Baixada. Não podemos mais fingir que isso não ­acontece. Não adianta virar o rosto. Estou fazendo uma ­parceria com o deputado Paulo Correa Júnior (PEN) e vamos enfrentar esse situação em todo o Estado.

Diário – O senhor é contrário aos cassinos e jogos de azar como forma de turismo por que?
Roberto de Lucena –
Porque não vai trazer turistas. Eles não virão da América e da Europa, onde está tudo estruturado, para jogar no Brasil e nem os brasileiros vão deixar de viajar para jogar aqui. Quem vai para Las Vegas, por exemplo, não vai só para jogar. O pai de família deixará de aplicar seu dinheiro em uma determinada área econômica para aplicar no jogo.

Diário – Qual sua opinião sobre a sonhada travessia Santos-Guarujá?
Roberto de Lucena –
Essa é outra luta minha com o Paulo Correa Jr. A Baixada tem que ser vista de forma diferente. Eu tenho uma relação visceral com a região. Turismo tem que ser bom para o turista e também para a população local. E é daqui que o turismo se expande para todo o Estado. Uma hora para fazer a travessia é inconcebível. Quando o governo afirma que o túnel vai custar R$ 3,2 bilhões, ele está dizendo que o túnel não será feito. Precisamos buscar uma solução urgente e regional de mobilidade urbana. Os governos – estadual e federal – tem que se unir e buscar dinheiro internacional.

Diário -  O senhor já garantiu emendas para a região?
Roberto de Lucena –
Somente nos dois últimos anos, para Santa Casa de Misericórdia de Santos foram várias verbas para custeio; foram R$ 200 mil para o Fundo Municipal de Saúde de Santos, estou encaminhando R$ 3 milhões para compra de equipamentos para o Hospital de Cubatão; recursos para vários bairros de Guarujá, usados em pavimentação, além do Bom Prato em Vicente de Carvalho; o portal de Itanhaém e obras de infraestrutura foram feitas com recursos de emendas minhas; Mongaguá e Praia Grande também. Em São Vicente, foram R$ 600 mil para compra de kits para o programa de combate a violência contra da mulher. Tem inúmeras outras para a Baixada Santista. Posso garantir que sou campeão de emendas para a ­região. É só consultar.

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