Cotidiano

A intervenção humana amplifica o avanço do mar em cenários de novela da Globo

Obras mal planejadas em pontos icônicos como Copacabana, Ipanema e Macumba intensificam a destruição costeira no litoral do Rio de Janeiro

Giovanna Camiotto

Publicado em 21/11/2025 às 15:00

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As interferências humanas no meio ambiente têm sido motivo para a destruição dos cenários litorâneos da Globo / Reprodução/Globo

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A preocupação com o chamado "avanço do mar" em regiões do litoral fluminense, que são famosas por serem cenários de novelas da TV Globo, como Paraty, Búzios, Copacabana e Leblon, é frequentemente ofuscada por visões catastrofistas. No entanto, a realidade por trás da erosão costeira e do risco de desaparecimento de faixas de areia passa menos pela dinâmica natural do planeta e muito mais pela interferência humana nessas áreas.

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Segundo Marcelo Sperle, especialista em oceanografia da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj), o planeta como um todo está superaquecido e, consequentemente, se tem elevação do nível dos mares, porém este fenômeno ocorre há milagres de anos, com registros geológicos e variações de até 5 metros acima e 100 metros abaixo do nível atual.

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"O aquecimento das águas dos oceanos aumentam a possibilidade de grandes tempestades, grandes furacões que trazem também com essa grande evaporação das águas dos oceanos grandes inundações. Só que isso é um fenômeno normal, natural do planeta que o planeta já passou por isso milhares de vezes ao longo dos tempos geológicos ", comentou Sperle.

Desequilíbrio costeiro

O maior fator que intensifica a vulnerabilidade dessas praias é a remoção da vegetação de restinga e de manguezais para a construção de edifícios, quiosques e calçadões. Essas formações naturais atuam como amortecedores da energia das ondas, ressacas e tempestades.

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"O que a gente pega do mar, ele toma de volta", resume Marcelo Sperle, destacando que, ao retirar a proteção natural e construir em cima de áreas de amortização, os seres humanos invadem o mar, tornando as construções suscetíveis à destruição. A vegetação, se mantida, é capaz de dissipar a energia das ondas, protegendo a costa.

Confira abaixo as novelas caiçaras da TV Globo, conforme região

'Laços de Família', novela em que a personagem Camila (Carolina Dieckmann) e Helena (Vera Fischer) caminhavam constantemente no Leblon/Reprodução/Globo
'Laços de Família', novela em que a personagem Camila (Carolina Dieckmann) e Helena (Vera Fischer) caminhavam constantemente no Leblon/Reprodução/Globo
'Por Amor' teve grande parte das tramas se desenrolava nos apartamentos e na praia do Leblon/Reprodução/Globo
'Por Amor' teve grande parte das tramas se desenrolava nos apartamentos e na praia do Leblon/Reprodução/Globo
'Mulheres Apaixonadas' foi onde o grande parte das tramas se desenrolava nos apartamentos e na praia do Leblon/Reprodução/Globo
'Mulheres Apaixonadas' foi onde o grande parte das tramas se desenrolava nos apartamentos e na praia do Leblon/Reprodução/Globo
'Páginas da Vida' também é mais uma ode ao bairro e sua orla/Reprodução/Globo
'Páginas da Vida' também é mais uma ode ao bairro e sua orla/Reprodução/Globo
'Paraíso Tropical' marcou a história de Copacabana, onde o calçadão era o núcleo central da trama/Reprodução/Globo
'Paraíso Tropical' marcou a história de Copacabana, onde o calçadão era o núcleo central da trama/Reprodução/Globo
'Vale Tudo' foi um clássico absoluto que mostrava o Rio cru, com muito foco em Copacabana e Leme/Reprodução/Globo
'Vale Tudo' foi um clássico absoluto que mostrava o Rio cru, com muito foco em Copacabana e Leme/Reprodução/Globo
'Verdades Secretas' explorou muito o visual moderno e a praia de Ipanema como pano de fundo para o mundo da moda/Reprodução/Globo
'Verdades Secretas' explorou muito o visual moderno e a praia de Ipanema como pano de fundo para o mundo da moda/Reprodução/Globo
'Malhação' teve quase todas as cenas de surf e quiosques na região da Praia da Macumba, na Prainha e no Grumari/Reprodução/Globo
'Malhação' teve quase todas as cenas de surf e quiosques na região da Praia da Macumba, na Prainha e no Grumari/Reprodução/Globo
'Totalmente Demais' teve núcleos na região litorânea do Recreio/Reprodução/Globo
'Totalmente Demais' teve núcleos na região litorânea do Recreio/Reprodução/Globo
'Viver a Vida' estreou com o desfile da top model Helena (Taís Araújo) na praia de Búzios/Reprodução/Globo
'Viver a Vida' estreou com o desfile da top model Helena (Taís Araújo) na praia de Búzios/Reprodução/Globo
'Sol Nascente' se passava em uma cidade fictícia, mas as gravações de praia foram em Búzios e Arraial do Cabo/Reprodução/Globo
'Sol Nascente' se passava em uma cidade fictícia, mas as gravações de praia foram em Búzios e Arraial do Cabo/Reprodução/Globo
'Viver a Vida' estreou com o desfile da top model Helena (Taís Araújo) na praia de Búzios/Reprodução/Globo
'Viver a Vida' estreou com o desfile da top model Helena (Taís Araújo) na praia de Búzios/Reprodução/Globo
'Sol Nascente' se passava em uma cidade fictícia, mas as gravações de praia foram em Búzios e Arraial do Cabo/Reprodução/Globo
'Sol Nascente' se passava em uma cidade fictícia, mas as gravações de praia foram em Búzios e Arraial do Cabo/Reprodução/Globo

Três exemplos famosos no Rio de Janeiro ilustram o problema

Ipanema/Leblon: A praia sofre com um déficit de quase 2 milhões de metros cúbicos de areia devido à retirada de sedimentos dragados do Canal do Jardim de Alah, que eram levados para a construção civil. Essa intervenção desequilibrou a dinâmica de areias, causando o "desaparecimento" temporário da faixa em certas épocas do ano, dependendo da ondulação.

Praia da Macumba: O caso mais dramático, onde quiosques e calçadões são constantemente destruídos. O local, cujo nome oficial é Praia de Sernambetiba, tem imagens chocantes da destruição causada pela ressaca, resultado direto da invasão do chamado prisma praial, construindo em áreas que deveriam ser preservadas para a absorção da força das ondas.

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Copacabana: Curiosamente, a praia, em sua maior parte, é um exemplo de solução. A larga faixa de areia atual é resultado da primeira engorda artificial de praia do mundo, feita no Brasil no início da década de 70 para proteger os prédios da Avenida Atlântica, construídos sobre a antiga restinga. A porção onde o mar ainda avança (próxima ao Forte) é justamente onde essa alimentação artificial foi menos eficiente.

Outro ponto do litoral fluminense que exemplifica a intervenção humana é Atafona, no Norte do estado. Lá, o avanço do mar é severo e devastou quarteirões inteiros.

A causa direta é o represamento do Rio Paraíba do Sul, que impede o transporte de sedimentos (areias e lamas) que naturalmente reabasteceriam a praia. Sem esse aporte, o mar gradualmente "come" a costa.

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