Cotidiano

45% dos inscritos no Mais Médico usam inscrição do CRM errado

A inconsistência nos dados apareceu depois que o ministério começou a cruzar informações para checar a hipótese de um boicote organizado

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 26/07/2013 às 19:52

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O primeiro período de inscrições do programa Mais Médicos terminou na meia-noite de sexta-feira com 18.450 profissionais inscritos, quase 3 mil a mais do que as vagas necessárias nos 3.511 municípios que aderiram à proposta do Ministério da Saúde. No entanto, 45% do total de inscritos usaram inscrições erradas nos Conselhos Regionais de Medicina, reforçando a suspeita de que pode ter havido um boicote ao programa.

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"Chama a atenção ter mais de 8 mil CRMs inconsistentes e mais de 1.200 residentes inscritos", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. "Existia um grupo isolado que planejou uma ação, por isso pedimos a investigação da Polícia Federal. Os realmente interessados têm até domingo para corrigir eventuais erros. Torço para isso."

A inconsistência nos dados apareceu depois que o ministério começou a cruzar informações para checar a hipótese de um boicote organizado. Ao verificar os CRMs, descobriu-se que boa parte não existia ou não conferia com nomes. Ao mesmo tempo, usando-se o CPF dos inscritos, foram encontrados médicos em programas de residência, que dificilmente largarão os cursos para se dedicar ao Mais Médicos. Os que realmente quiserem fazer isso terão que apresentar uma declaração abrindo mão da residência e optando pelo Mais Médicos. Ao mesmo tempo, os que efetivarem a inscrição e desistirem não poderão se candidatar novamente por seis meses.

Até agora, pouco mais de 3 mil médicos completaram sua inscrição, dando todas as informações necessárias e os documentos para homologar sua participação. Até domingo, 28, os médicos interessados poderão completar a inscrição e também escolher as cidades onde querem trabalhar.

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45% do total de inscritos usaram inscrições erradas nos Conselhos Regionais de Medicina (Foto: Divulgação)

Estrangeiros

Se a suspeita de boicote se confirmar, o programa terá atraído pouco menos da metade dos profissionais necessários para suprir as 15.460 vagas pedidas pelos municípios que se inscreveram no programa. No dia 6 de agosto, o ministério abre novamente a inscrição para médicos nas vagas remanescentes. De acordo com Padilha, o ministério fará um esforço maior para chamar médicos estrangeiros, se não houver interessados brasileiros.

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Nesse primeiro momento, 1.920 médicos com registro de trabalho em 61 países do exterior se inscreveram, a maioria de Portugal, Espanha e Argentina. Há profissionais formados em Cuba, não necessariamente cubanos. Nesse momento, porém, as inscrições ainda são individuais - a participação dos cubanos seria por meio de convênio, já que os médicos de lá só saem do país com autorização e sob contrato com o governo da ilha. "Cuba e outros modelos que sejam de cooperação coletiva nós vamos analisar depois", disse Padilha.

A partir deste sábado, 27, os médicos que confirmarem sua inscrição precisarão apontar seis cidades, por ordem de preferência, em que gostariam de trabalhar. Na lista constam capital, região metropolitana, bloco de 100 municípios de maior vulnerabilidade social, cidades com mais de 20% da população em pobreza extrema, distritos sanitários indígenas e, por último, cidades que não estão em nenhum desses perfis.

Os profissionais brasileiros terão prioridade na escolha. Logo depois virão os brasileiros formados no exterior e só na última chamada os estrangeiros. Os critérios de desempate para os brasileiros são a existência de vaga, no município, em determinada especialidade. Depois, o local de formação ser do mesmo Estado do município pedido. Por último, quem se inscreveu primeiro no sistema.

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Resoluções

A Federação Nacional dos Médicos (FENAM) e lideranças estudantis da área anunciaram quatro resoluções em protesto à Medida Provisória do programa Mais Médicos. Entre os pontos previstos na MP está a ampliação do curso de medicina em mais dois anos e a importação de profissionais estrangeiros para áreas do interior e da periferia do País.

A Fenam e os estudantes vão apoiar a ocupação de reitorias de faculdades de medicina no País para que não haja a adesão, por parte dessas instituições, ao Mais Médicos. Eles disseram que não aceitam que professores brasileiros sejam tutores de médicos estrangeiros que não se submetam ao Revalida. Também decidiram acompanhar as paralisações e manifestações de médicos agendadas para os dias 30 e 31 de julho. Os estudantes de medicina farão uma paralisação, nos dias 8, 9 e 10 de agosto, contra a Medida Provisória do Mais Médicos, e vão convocar uma marcha de alunos de medicina a Brasília para pressionar o Congresso a rejeitar a matéria.

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"Não aceitamos nenhum um ponto da MP. Todos eles são inconstitucionais, afrontam a legislação e, no nosso entender, não têm condições de serem implantados", afirmou o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira Filho. "Somos contra os dois anos a mais exigidos pelo Ministério da Saúde porque é trabalho forçado."

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