Contraponto

Câmara de São Vicente tem que parar de misturar política com religião

O Estado não deve privilegiar ou discriminar qualquer religião, e deve garantir a igualdade de tratamento para todos os cidadãos, independentemente de sua crença religiosa

Carlos Ratton

Publicado em 01/05/2025 às 16:25

Atualizado em 01/05/2025 às 16:25

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O Legislativo vicentino tem história na área de preferência e intolerância / Nair Bueno/DL

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Vicentinos (as) iniciaram um abaixo-assinado em defesa da laicidade (neutralidade religiosa), diversidade cultural e igualdade religiosa na Cidade. Tudo porque a Câmara de Vereadores aprovou uma lei que reconhece o Cristianismo como manifestação cultural oficial da cidade, o que estaria ferindo a Constituição Federal e excluindo outras religiões.

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Vale lembrar que o Estado não deve privilegiar ou discriminar qualquer religião, e deve garantir a igualdade de tratamento para todos os cidadãos, independentemente de sua crença religiosa.

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Mas o Legislativo vicentino tem história na área de preferência e intolerância. Enquanto a cidade nega há muitos anos espaço público para instalação de uma estátua de Iemanjá e Santa Sara Kali, por exemplo, permite a implantação da Praça da Bíblia com dinheiro público, com inauguração com pompa e circunstância por vereadores, secretários e evangélicos.   

Só lembrando da história recente, quando se tornou prefeito, o evangélico Luís Claudio Bili Lins da Silva, o Bili, apontou sua artilharia para os simpatizantes das religiões afro-brasileiras e nunca permitiu a instalação da imagem de Iemanjá na orla da praia vicentina. 

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Tudo por conta de uma ‘carta aberta’ distribuída nas igrejas evangélicas convocando os fiéis a participar do Abraço da Fé para impedir a instalação. E foi um sucesso em termos de intolerância religiosa.  

Em 2015, nova polêmica entre a Prefeitura e a Câmara ocorreu para decidir onde instalar a estátua, que acabou sendo guardada na casa do espírita e jornalista Edgar Falcão, que faleceu sem ver a estátua na orla. 

Só na cidade há mais de 45 mil adeptos à religião afro-brasileiras, espelhados por 400 terreiros, que sonham em ver Iemanjá embelezando e resguardando a orla vicentina. 
Bili passou, outros prefeitos foram eleitos e hoje, a estátua está sob a guarda da Associação Filhos de Aruanda, que aguarda uma decisão dos poderes sobre onde afixar Iemanjá na praia. 

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Enquanto a estátua de Iemanjá permanece guardada por conta da intolerância religiosa, a cidade tem monumentos dedicados a evangélicos e católicos sobrando. 

A Praça da Bíblia, por exemplo, é a primeira à beira-mar do Brasil, na Avenida Newton Prado (Morro dos Barbosas), sob a justificativa de incentivo ao turismo. E Festa de Iemanjá? Também não atrai turistas? Com a palavra, as ‘autoridades’ vicentinas.

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