Contraponto

A Praça da Bíblia, a história da santa e a Iemanjá escondida na Baixada Santista

Em janeiro último, a cidade inaugurou a primeira Praça da Bíblia à beira-mar do Brasil, na Avenida Newton Prado (Morro dos Barbosas)

Carlos Ratton

Publicado em 13/02/2025 às 11:50

Atualizado em 13/02/2025 às 11:51

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

São Vicente inaugurou a primeira Praça da Bíblia à beira-mar do Brasil / Divulgação/PMSV

Continua depois da publicidade

A Constituição estabelece o Estado laico. Não pode ser vinculado a nenhuma crença religiosa. Isso significa que o Estado não pode privilegiar ou preterir crenças, e que nenhuma política pública deve ser executada por motivações religiosas. Dito isso, o que não dizer da história recente de São Vicente?

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Em janeiro último, a cidade inaugurou a primeira Praça da Bíblia à beira-mar do Brasil, na Avenida Newton Prado (Morro dos Barbosas). A inauguração reuniu autoridades, vereadores e secretários municipais, lideranças religiosas e membros da sociedade civil. A justificativa: incentivo ao turismo.  

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Estátua de Iemanjá em Guarujá após 'Era Suman'. Será que agora vai? É com você, Farid!

• Primeira Praça da Bíblia à beira-mar do Brasil é inaugurada no litoral de SP; veja onde

• São Vicente pode perder estátua de Iemanjá

Não precisa ser calunga para lembrar que a mistura Estado-Religião sempre foi o fraco de São Vicente desde a época do governo Márcio França (PSB) – hoje ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Em 2001, o seu secretário de Cidadania e Ação Social, Luis Cláudio Bili, por ser evangélico, retirou a imagem de Nossa Senhora da Aparecida do refeitório das crianças de um centro de convivência e formação de crianças que ficava na Rua Saturnino de Brito, na Praia de Paranapuã. A atitude gerou crise governamental e legislativa.

Continua depois da publicidade

Depois de uma semana de embate, o então Padre Paulo Horneaux de Moura (falecido), junto com um grupo de mulheres, organizou uma passeata e França acabou reconduzindo a santa ao altar.

Mas a intolerância permaneceu. Quando se tornou prefeito, Bili mudou a artilharia para os simpatizantes das religiões afro-brasileiras e nunca permitiu a instalação da imagem de Iemanjá na orla da praia. Tudo por conta de uma ‘carta aberta’ distribuída nas igrejas evangélicas convocando os fiéis a participar do Abraço da Fé para impedir a instalação. E foi um sucesso.   

Em 2015, nova polêmica entre a Prefeitura e a Câmara ocorreu para decidir onde instalar a estátua, que acabou sendo guardada na casa do espírita e jornalista Edgar Falcão, que faleceu sem ver a estátua receber a mesma atenção da nova Praça da Bíblia.

Continua depois da publicidade

A desculpa do turismo serviria também para Iemanjá, cuja festa atrai milhares. Só na cidade há mais de 45 mil adeptos à religião afro-brasileiras, espelhados por 400 terreiros, que sonham em ver Iemanjá embelezando e resguardando a orla vicentina.  

Hoje, a estátua está sob a guarda da Associação Filhos de Aruanda, que aguarda uma decisão dos poderes sobre onde afixar Iemanjá na praia de uma cidade que já tem monumentos dedicados a evangélicos e católicos sobrando.

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software