Repórter da Terra

Relatório da ONU mostra que ‘petronações’ sabotam acordos e alimentam caos climático

Depois de uma pandemia com 20 milhões de mortos, de campanhas anti-vacina, de duas guerras simultâneas, e do morticínio cotidiano nas ruas e escolas, parece claro que a humanidade atravessa um período de insanidade coletiva. Pior: mesmo com o caos climático cada vez mais evidente, um relatório da Organização das Nações Unidas mostra que as “petronações” projetam uma expansão “enorme” nos investimentos em combustíveis fósseis até 2030.

O documento foi revelado nesta semana com exclusividade pelo jornal britânico The Guardian e afirma que os planos de investimento de nações como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Rússia e Índia “colocam o futuro da humanidade em xeque”.

O relatório também critica Canadá e Estados Unidos, citando que os dois países contrariam suas promessas de redução nas emissões dos gases causadores do efeito estufa. Esses gases são despejados na atmosfera a partir da queima dos combustíveis fósseis.

Segundo o The Guardian, os planos destas ‘petronações’ elevam a produção de carvão 460% acima do limite estabelecido em acordos climáticos internacionais. O relatório da ONU também aponta para um crescimento de 29% na extração de petróleo e de 83% na produção de gás natural até o final da década.

“Os governos precisam parar de falar uma coisa e fazer outra”, resumiu Inger Andersen, diretor-executivo do programa ambiental das Nações Unidas, ao The Guardian.

Esse também foi um claro recado ao Brasil, que assumiu o compromisso de reduzir em 37% suas emissões de dióxido de carbono até 2025. Apesar disso, o País tenta viabilizar a exploração de petróleo próximo à foz do Rio Amazonas, na chamada Margem Equatorial.

Assinado por 195 países em 2015, o Acordo de Paris foi o acordo climático mais ambicioso já elaborado. A meta é conter o aumento da temperatura global em até 1,5 graus Celsius. Ainda assim, essa elevação deverá causar impactos severos, como ondas de calor cada vez mais longas e tempestades mais intensas, além de incêndios florestais mais frequentes.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um aumento de 2 graus Celsius tornaria o derretimento do gelo no Oceano Ártico mais veloz, com avanço do mar sobre cidades litorâneas. E 16% das espécies de plantas conhecidas hoje seriam extintas, inclusive aquelas que produzem alimentos. Também haveria uma redução de três milhões de toneladas nos cardumes de peixes nos oceanos.

O Acordo de Paris também prevê que as nações mais ricas devem destinar 100 bilhões de dólares por ano às ações de combate ao aquecimento global. Porém, esse é mais um dos compromissos não cumpridos por esses países.

O relatório da ONU analisou planos de investimento de 20 nações que, juntas, respondem por 84% das emissões de gases do efeito estufa. “O desastre climático que estamos produzindo é o topo da insanidade econômica”, disse Neil Grant, um dos autores do documento.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28) acontece do próximo dia 30 até 12 de dezembro, nos Emirados Árabes Unidos. Apesar das expectativas de avanço na agenda verde, o governo anfitrião nomeou para presidir as negociações o principal executivo da companhia petroleira do país...

Na última quarta-feira, o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, anunciou que 2023 será o mais quente dos últimos 125 mil anos. Segundo o observatório europeu, outubro já foi o mês mais quente da história. No final de 2025, a COP 30 será realizada em Belém do Pará.

Filosofia do campo:

“No começo, pensei que lutava para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”, Chico Mendes (1944/1988), ambientalista acreano.

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