Repórter da Terra

Petrobras fará maior investimento em 40 anos na RPBC para produzir combustíveis 'verdes'

O diretor-executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, confirmou na última terça-feira que a empresa construirá uma unidade para produção de biocombustíveis na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, a RPBC. Essa será a primeira planta industrial do País dedicada exclusivamente à conversão de óleos vegetais em bioquerosene de aviação (BioQAV) e em diesel 100% renovável (Diesel R). O investimento (Capex) no Programa  BioRefino será de US$ 600 milhões, algo em torno de R$ 3 bilhões.

O anúncio foi feito durante evento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

O detalhamento da carteira de projetos da Petrobras para os próximos cinco anos só será apresentado formalmente em novembro, mas esta coluna apurou que a nova planta vai processar 790 mil toneladas de óleos vegetais por ano. 

A capacidade de produção será de seis mil barris por dia de bioquerosene de aviação e outros seis mil barris por dia de Diesel R. As obras podem começar já em 2024 e devem estar concluídas até 2028.

O investimento será o maior em quatro décadas na RPBC e representa um marco na transformação da Petrobras de uma empresa dedicada estritamente aos derivados de petróleo para uma atuação mais abrangente e diversificada no segmento de energia.

BioQAV para o mundo

O Programa BioRefino é um dos destaques do Plano Estratégico da Petrobras para os próximos cinco anos e projeta uma demanda crescente por combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). A partir de 2027, o setor estará sujeito a regras mais restritivas nos voos internacionais.

Como desdobramento do Acordo de Paris, a Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) determinou a introdução gradual de combustíveis sustentáveis pelas companhias aéreas. A ICAO reúne 191 países-membros e o Acordo de Paris foi assinado em 2015 durante a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP21.

O objetivo da ICAO e do Acordo de Paris é conter as mudanças climáticas causadas principalmente pelo acúmulo de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O CO2 é gerado a partir da queima de florestas e do uso de combustíveis fósseis, como gasolina, diesel, querosene de aviação e carvão.

E essa nova geração de combustíveis sustentáveis, como o diesel renovável e o bioquerosene a serem produzidos na RPBC, têm potencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 90% em relação aos combustíveis derivados de petróleo.

RPBC estratégica

A refinaria de Cubatão foi escolhida para abrigar a nova unidade devido à proximidade com o mercado consumidor da Região Sudeste.

O Diesel R também é isento de enxofre, o que deve melhorar a qualidade do ar nas cidades com grandes frotas de ônibus e caminhões. A nova planta industrial também deverá produzir nafta ‘verde’, matéria-prima para produção de plásticos renováveis.

A RPBC está em operação desde 1955 e foi a primeira grande refinaria construída no Brasil, resultado de um plano de investimentos no pós-guerra. Na época da inauguração, ela atendia 50% do mercado nacional de derivados de petróleo. Hoje, responde por 8%.

Empregos e tragédia na Vila Socó

Na década de 1980, a Petrobras e outras indústrias do Pólo Petroquímico de Cubatão foram obrigadas a fazer investimentos bilionários devido aos altos níveis de poluição atmosférica, que provocavam até o nascimento de crianças anencéfalas no Município. A concentração de gases criava o risco até de colapso nas encostas da Serra do Mar, com a ameaça de deslizamentos de grandes proporções devido à perda de vegetação.

Em fevereiro de 1984, a RPBC também foi protagonista da tragédia da Vila Socó, incêndio de grandes proporções que consumiu centenas de barracos e provocou a morte de 93 pessoas, segundo dados oficiais. Dados extra-oficiais sugerem mais de 500 vítimas fatais. O incêndio sem precedentes no mundo aconteceu após vazamento de 700 mil litros de gasolina pelo mangue onde estavam as palafitas.

Entre 2005 e 2010, a Petrobras voltou a investir na RPBC, com aporte de R$ 1,2 bilhão na modernização tecnológica das operações. Os serviços motivaram a abertura de oito mil novos empregos.

Já no primeiro semestre de 2023, a refinaria de Cubatão recebeu investimento de R$ 720 milhões na maior parada para manutenção de sua história. O serviço teve a participação de 6.500 pessoas.

A capacidade instalada da Refinaria Presidente Bernardes é de 178 mil barris/dia. A RPBC produz gasolina aditivada, óleo diesel, gás de cozinha, querosene de aviação, combustível para navios (bunker), nafta e enxofre.

Filosofia do campo:

“Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras. Outras constroem moinhos de vento”, Érico Veríssimo (1905/1975), escritor gaúcho, em ‘O Tempo e o Vento’.

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