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Olhar Filosófico

No início era só o começo e, com um método, chegamos ao princípio!

Abaixo, reproduzo recortes de um dos textos que compõe o meu último livro “Filosofia Urgente!”, editado em fins de 2021, já em segunda edição, pela editora Kotter.
O ponto central aqui, é demonstrar a diferença entre começo e princípio e a necessidade de construção de um método para se conhecer qualquer coisa que seja!
Quando dizemos que algo está no começo, num começo radical, dizemos que está no início. Isto significa dizer que a partir daí, de algum modo que não precisamos ter certeza qual, está, ou ainda, esteve uma causa ‘não causada’, um ‘ponto zero’. Com isso quero demonstrar que, conceitualmente, o início foge, muitas vezes, do nosso espaço-tempo, limitado que estamos por essas duas categorias. 
Começo e início estão, enquanto conceitos, circunscritos, quem sabe, a medidas de um real de caráter imensurável. 
Quando, por outro lado, passamos a tratar da ideia de princípio, adentramos no campo da simbologia, da interpretação e das contradições.
Principiar é estabelecer, a partir de uma ideia, um conceito (na e da concretude material ou transcendente), um fato, um evento, manejado e interpretado... um sentido. 
Dar sentido não é, necessariamente, vislumbrar um começo, um início. Por exemplo, o universo foi iniciado há tantos bilhões de anos, a partir de tantos elementos contraídos numa espécie de “repuxo” inimaginável etc. Eis aí, quando muito, um começo, um início para o universo! Agora, quando pudemos de fato dar-lhe um princípio, um sentido que, inclusive, possibilitasse (sempre com nossa razoabilidade) que assim ele surgisse? Ou, ainda, em outro exemplo menos abstrato; uma lei, como código de conduta objetivo, traça um parâmetro a fim de criar uma expectativa pública-coletiva às ações do indivíduo enquanto cidadão de um determinado grupo e/ou sociedade. Agora, essa lei que motiva, resguarda ou anula o indivíduo social é um começo, um início àquela prática e daquilo que dela decorre ou um princípio, um sentido? Ou seja, enquanto representação moral dos costumes, a lei se coloca como um parâmetro de limite para determinado grupo e/ou sociedade, isto é, com pretensão de uma vez por todas, estabelecer o início factual das práticas de uma ação; mas se a coloco sob a perspectiva Ética, percebo com certa facilidade que a lei não é uma mensuração de inícios e começos, afinal, como dar uma palavra antropológica definitiva sobre o humano? Mas, antes, ela (a lei) é, tão somente, um princípio estabelecido, fruto de um acordo dialogado (mesmo que por imposição de um dos lados) com base em algum sentido subjetivo-objetivo, ou melhor, individual-social. Portanto, é dinâmica e fruto de acordos e contradições. É mutável ao vento dos interesses.
Um método é uma questão de princípio. A depuração do bom senso. Um meio para se atingir um fim tendo por base a utilização de uma infinidade de regras lógicas.
Embora não exista método infalível, alguns métodos, pelo rigor dos conceitos com que trabalham, são mais criadores de princípios do que de pretensiosos começos, afinal, o que inicia não necessariamente, principia.
Métodos permitem, por exemplo, que compreendamos os riscos de ousar limitar a imensidão do Universo ao universo da nossa inteligência. É sinal de alerta e busca. 
Por mais que o método possa parecer muitas vezes uma vigília de olhos míopes em uma noite escura, é, ainda, o melhor meio de que dispomos para construir sentidos, para conseguir tatear a esperança quente do dia que se escondeu na penumbra do por enquanto.
E, ainda que não percebamos, ter sucesso em conhecer alguém exige algum grau de metodologia e para amarrar os cadarços, também. 
O método, portanto, é tudo o que temos para gritar, provisoriamente, eu posso, eu entendi, eu sei!

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