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Olhar Filosófico

Morus num país tropical

Espero que todos vocês, caros leitores, entendam a referência do título sem nenhuma ironia ou piada, ou seja, faço referência direta ao famoso verso daquela canção de Jorge Ben com uma pitada de filosofia e não um trocadilho sem graça sobre a saga de um ex-juiz que ajudou a destruir uma nação.

Estamos num país tropical, sem guerra ou furacão, com temperaturas razoáveis, boas ou maravilhosas, onde, quando o agro é pop, tudo o que se planta dá e as forças da lei imprimem o progresso no dia certo e na hora H. Pra quê essa agonia? Sem fome nem miséria o dinheiro já vai chegar. A família é a base de tudo e os filhos são a tropa de cá. Minha Terra tem palmeiras onde canta o sabiá, canta, canta passarinho, nunca deixe de cantar, ou então roubam seu canto pra sua vida engaiolar. 

Noite sem estrelas, a Lua talvez não veja planetas na escuridão, mas não é poluição, é fumaça de maconha e intriga da oposição, pois o céu é azul e o mar anil, no jet ski soberano também naufraga o Brasil. No tempo certo tudo se acerta, o garimpo, o índio, a planta, o bicho, o indigenista e o jornalista inglês, quem mandou se meter por lá, mas deixe estar, numa igreja em que o pasto é vasto, o boi há de rezar. No fim, lá no fim, tudo fica bem, o ribeirinho, o mineral extraviado, a espingarda e essa vida de matar. Eia, deixe estar. 

Futebol alegria do povo onde tem um craque por metro quadrado e uma bala perdida pra cada coco, e mais um drible, coco, e mais um drible, exaustão, coco, coco. Cabeça e corpo (mas mente não morre), sempre os mesmos, a mesma cor e a mesma dor, de quem insiste em viver no país tropical abençoado por Zeus. E Gosh nos faça mais homens de bem, que treinam tiro no muro do vizinho, na placa da via Dutra ou na cara do Javali de morte dócil liberada. Descarregam desses pentes de ouro suas almas vazias que hora ou outra domina a nação chamada Brasília. Ou Fusca, Del Rey, Belina. 

Salve os homens de bem. Direitos humanos para humanos direitos, pois todas as vidas importam. Que não cancelem ninguém. Vamos nos amar! Deixa o tempo dizer e as armas apontarem o destino. Parem de falar de gênero, rosa para menina e azul para menino e a conta tá feita. Dá um like pra fake numa news toda relax. Acalmem-se, pra quê essa agonia! Aquela foto do café da manhã, bora pra luta, nessa nossa vida de rede, nossa vida de bolha no círculo mágico de Procusto (que se chamava Damares ou Damastes, não lembro), faltei no grego, língua morta e tudo bem, a especialidade é matar, não renascer. Eis o homem de bens.

País de pátria amada, acima de todos, galã que se empala no leite moça da moça que só não se estupra porque é feia. Salve nação de guerreiros e de grileiros, esses empreendedores do mato onde nada havia e coca faz brotar. Sai ouro, grafeno, rifle e condomínio à beira mar. Sai senador, deputado, ajuizado e assessor, presidente não, respeito e já peço perdão. Há quem cuspa, eu não. Representante de nação, seja quem for, sargento ou cafetão, anjo do céu ou capetão. Salve o rei que está nu e na história segue o rio e ri de sem parar. Não elabora um raciocínio, mas tem ordem de matar. Cuidemos de gostar. Pra quê essa polarização? Não chegaremos em nenhum lugar nesse nada de antemão. Goste ou não goste, mas não cuspa não. Quem dita as regras merece o crédito, a democracia não! Cuspa não! Pra quê essa polarização? 

Thomas Morus, grande filósofo inglês do século XVI, nessas bandas também faria constar a narrativa da ilha de Utopia. Esperança de noite e de dia. Vai passar. Sem Henrique VIII, chega o momento e zás, geleia geral, uma nova Bastilha cai e eis que se ouve a marselhesa, a camponesa ou um grito de alerta que não dá pra segurar, explode coração. Terra, planeta fome ou colônia da igualdade? Num retrato naquele canto, ouvindo do português Rafael as curiosidades de Utopia, Morus num país tropical já diria:

“Enquanto Rafael nos contava todas essas coisas, formulei para mim uma série de objeções. Em muitos casos, as leis e costumes daquele país pareceram-me inteiramente ridículos. (...) havia o grande absurdo no qual se fundamentava toda a sua sociedade, a comunhão de bens aliada à exclusão do dinheiro. Ora, isto significaria o fim da nobreza, da dignidade, do esplendor e da majestade que, aos olhos do mundo, constituem as verdadeiras glórias de qualquer nação.”

 

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