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Nilton C. Tristão

Eleições 2022: Porque Bolsonaro perderá

Caso você tenha ouvido que Jair Messias inevitavelmente vencerá a disputa pela chefia do poder executivo nacional em outubro deste ano, provavelmente essa afirmativa foi proferida por algum caucasiano, com idade acima dos quarenta anos e que pertence à classe social A/B, sendo que a maioria dessas pessoas é narcisista praticante, neófita na militância política e inabilitada para compreender a dimensão étnica, cultural, social e econômica da sociedade brasileira, uma estrutura com capilaridade transcendente à bolha em que habitam. Contudo, as tendências eleitorais apontam em direção oposta às expectativas otimistas desse segmento, uma vez que podemos citar pelo menos três razões basilares capazes de definir a presumível derrota do projeto de reeleição do presente mandatário, a saber:

1) como afirmou James Carville, o estrategista político de Bill Clinton no embate contra George Bush pela Casa Branca em 1992:“ "It's the economy, stupid”. Isso significa que o cidadão comum, preocupado com a subsistência cotidiana, tende a dar importância superior às demandas atreladas à reprodução da vida do que à pautas pleonásticas envolvendo hábitos, costumes e ideologias. Em outros termos, em uma nação onde até mesmo os trabalhadores com empregos fixos estão encontrando dificuldades para prover alimentação aos seus entes queridos, os embates entre os falsos comunistas e pseudo conservadores são temáticas irrelevantes;

2) a narrativa bolsonarista acha-se segregada ao interior da muralha que edificaram, ou seja, o processo que fundamentou a radicalização do séquito também fabricou signos, linguagem incompreensível e endêmica, que os afastou da lógica comunicacional dos indivíduos normais que costumam se orientar através de princípios lastreados pela realidade concreta. A bipolaridade psicótica com dimensão coletiva gerou, nesse agrupamento, sintomas de alucinações e transtornos de personalidades borderline, que os remetem à necessidade de travar uma eterna batalha fraticida contra o lobo mau imaginário. Por esse motivo, existe a dificuldade em estabelecer diálogos razoáveis com amigos, vizinhos, conhecidos e parentes adeptos de Jair. Em resumo, o bolsonarismo enquanto doutrina, limita-se a interagir com as próprias vísceras;

3) os dados coletados no levantamento realizado pela empresa GovNet & Opinião Pesquisa, em parceria com o grupo Gazeta de São Paulo e Diário do Litoral, publicado no dia 28/04/2022, com o objetivo de aferir as intenções de votos dos pré-candidatos à Presidente da República e Governador de São Paulo junto aos eleitores paulistas, evidenciam as limitações matemáticas de ascensão da postulação de Jair Bolsonaro, visto que Lula mantém-se resiliente e não regride do patamar de 41% das escolhas; os índices daqueles que desejam anular, votar em branco ou abster-se apontam para preservação  do tamanho histórico, em torno dos 23%; os ditos aspirantes da terceira via que totalizam cerca de 11% das predileções, no qual é composto majoritariamente por indivíduos que optaram por João Dória e Ciro Gomes, tendem a seguir o caminho do antibolsonarismo.

Portanto, o atual comandante supremo das forças armadas não conta com espaços factíveis para expandir a densidade do sufrágio destinado à manutenção de sua residência no Palácio da Alvorada. Em síntese, na hipótese de não ocorrer qualquer fato extemporâneo ou extraordinário que detenha o potencial de alterar dramaticamente o rumo da contenda eleitoral, contemplaremos a posse de um novo presidente a partir de primeiro de janeiro de 2023.

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