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Nilton C. Tristão

Bolsonaro e o 11 de Setembro

Após o empreendimento terrorista em 2001 que culminou no choque de aeronaves comerciais e com o decursivo colapso das torres gêmeas do World Trade Center na ilha de Manhattan, entre outras tragédias ocorridas ao mesmo tempo e perpetradas por militantes da rede Al-Qaeda de Osama Bin Laden, o FBI instaurou as investigações visando a compreensão da cadeia de eventos que culminaram no maior ataque estrangeiro da história em solo americano.

As averiguações apontaram que Mohamed Atta e Marwan Al-Shehhi foram alunos na escola Huffman Aviation em Venice, na Flórida, onde obtiveram suas licenças de pilotagem; mas o único comportamento a causar estranheza entre os instrutores residiu na diminuta importância dada por ambos aos conhecimentos relacionados à prática da aterrisagem - motivação que ficou óbvia após os acontecimentos.

Utilizando-se desse episódio como uma metáfora que data do início da pandemia e percorre o mandato vigente de Bolsonaro, podemos dizer que o atual chefe do executivo nacional não estabeleceu qualquer planejamento para pousar o seu governo na disputa ao pleito de outubro desse ano. Pois toda a estratégia estava focada nos desdobramentos ligados à promoção das festividades do dia 07 de setembro de 2021, cenários que deveriam culminar no processo de ruptura institucional com a aderência às teses de segmentos de grande força do establishment e da sociedade civil organizada.

Assim, o script delineado denunciava a ausência de comprometimento, isenção e incapacidade do STF em organizar eleições limpas e justas, portanto, o adiamento do certame com o decorrente prolongamento da delegação popular concedida a Jair, transformava-se em condição sine qua non para depurar o Estado carcomido pela corrupção endêmica e organizado ao acolhimento de interesses cartoriais.

Todavia, a comemoração do grito de independência feito outrora às margens do Rio Ipiranga obteve tão somente a adesão de uma parcela da classe média branca, tomada pelo rancor, vitimizada pelo baixo nível cultural e desprovida de qualquer representatividade efetiva, sobrando a Messias apenas a alternativa de fitar o horizonte com o semblante desolado, perante as pequenas possibilidades e quase nenhuma perspectiva de renovar por mais quatro anos o direito de conduzir a federação legitimado pelo jogo democrático.

Hoje, o presidente Bolsonaro interpreta com exatidão as resultâncias do alijamento do poder a partir de 2023, uma vez que tem como exemplo o caso de Lula, encarcerado ao longo de 580 dias pela imputação de desatinos de menor gravidade. Ou seja, o período que foi iniciado em 1º de janeiro de 2019 e se findará em 31 de dezembro de 2022 será uma fonte inesgotável de processos com prováveis condenações.

Nesse contexto, Jair Messias Bolsonaro, em face das consequências advindas das atitudes no exercício do poder, doravante terá que priorizar a construção da rede de proteção destinada a garantir a manutenção das liberdades individuais e do direito de ir e vir de si e familiares.

Aliados como Abraham Weintraub e Ernesto Araújo dando-se conta dessa fragilidade, já se preparam para comandar o espólio humano (sic) que ficará à deriva na ausência de lideranças, aquelas ditas conservadoras, uma vez que Bolsonaro depositou todas as fichas em um único plano de vôo caótico, e agora, que os seus modos e narrativas adentraram no universo da mesmice enfadonha, remetendo-o à retórica simbolizada pelo “mais do mesmo”, inevitavelmente pagará o preço por estar defronte à imensidão melancólica de um oceano hostil que inviabiliza o pouso seguro, fazendo com que a propalada ascensão triunfante, gloriosa e perene do patriota virtuoso acabe na trama da luta pela sobrevivência política.

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