Há tempos venho debatendo o fenômeno do bolsonarismo na condição de movimento alicerçado em premissas que estimulam as manifestações de ódio, rancor e intolerância como fonte de aglutinação e mobilização, inclusive, resgatando o lema salazarista de "Deus, Pátria, Família", enquanto subterfúgio destinado à negação de autodeterminação do indivíduo dessemelhante.
Da mesma maneira, a ferocidade contra os pseudo ativistas comunistas, reles devaneios de intelectos despojados de conhecimento histórico e competência analítica, é instrumentalizada como elemento na construção de inimigos imaginários que edifica a impossibilidade de existência harmoniosa perante valores contraditórios, e assim, acabamos catapultados ao mundo da necropolítica, a dimensão em que a sujeição da vida em face da morte surge a partir da validação ideológica do grupo dirigente. Ou seja, eventos como o de Genivaldo de Jesus Santos tornam-se parte da realidade factual cotidiana e passam a simbolizar atos que deixariam repleto de orgulho Rudolf Höss, o comandante do campo de concentração de Auschwitz.
Portanto, aos defensores intransigentes da atual presidência, a inflação galopante que incide principalmente sobre os preços de alimentos e combustíveis, o elevado contingente de desempregados e desalentados e a violência patrocinada pelo Estado não passam de efeitos colaterais aceitáveis na luta pela permanência no poder.
São olhares que relativizam a fome como fonte de usurpação e degradação da decência humana, uma vez que não compreenderam que vivenciamos um momento em que a satisfação por conquistas pessoais ou coletivas desapareceu, na medida em que a qualidade de vida foi nivelada por baixo. Igualmente, não conseguem enxergar que perdemos a capacidade de sonhar com dias melhores, já que tudo teima em não retornar à normalidade, justamente no instante em que se aprofunda o sentimento de abandono.
Como resultado, aquele brasileiro identificado mundialmente pelo sorriso cativante e alegria contagiante agora padece com sintomas de estresse, desânimo, frustração, angústia, pânico e desamparo.
Não acontece por acaso que ultimamente explodiram as demandas por serviços públicos ofertados por órgãos como CAPS, CREAS, SUAS e CRAS. Ou seja, estamos clamando por portas abertas e saídas estratégicas que nos levem a um lugar onde prevaleça a valorização do homem, o bem comum e a empatia pelo semelhante.
Os danos do desgoverno são imensos e apenas um gigantesco esforço coordenado pelas forças democráticas através do aprofundamento de canais permanentes de interlocução com a sociedade civil plural reverterá essas circunstâncias. Por esse motivo, o rompimento com esse modelo de governança terá que ser inflexível no estabelecimento de um novo pacto civilizatório que aja de maneira efetiva no combate à inflação, na retomada da economia e na diminuição das desigualdades.
Para isso, precisaremos fortalecer mecanismos que promovam a harmonia entre os poderes, a transparência sobre os gastos e o controle do orçamento público. Em suma, nos futuros embates políticos, o bem-estar do cidadão não poderá ser computado como mero detalhe desprovido de importância. Como também, os interesses nacionais deverão ser protegidos de convicções psicóticas.
Deste modo, a pesquisa do Datafolha surge como um sopro de esperança diante de tantas desventuras e talvez nos mostre que o futuro fúnebre não seja um caminho inexorável nessa jornada.
Nilton Cesar Tristão
Cientista Político
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