José Renato Nalini

Quem é sapiens?

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O título de “sapiens” deve ser cassado da espécie humana. “Nós somos uma bactéria em vias de extinção. E isso é muito bom”, disse Ailton Krenak, em recente conferência em Paris, no legendário Collège de France.
 
Isso a propósito da aparente contradição brasileira em continuar a insistir na exploração de combustíveis fósseis, quando a ciência já demonstrou que a humanidade corre perigo exatamente por causa da emissão dos gases causadores do efeito-estufa.
 
É preciso reiterar à insistência, que quem corre risco de desaparecer é a espécie humana, não o Planeta. Este continuará a existir. Mas prescindirá da humanidade, que não tem sido a melhor inquilina para o planeta. E chega de falar em “desastres naturais”. São desastres provocados e hoje ninguém mais pode alegar ignorância. Os cientistas já perderam o fôlego de tanto alertar a raça que insiste em se considerar racional. 
 
2025 é um ano emblemático. É o Ano Jubilar, do saudoso Papa Francisco, um ecologista que teve coragem de redigir três consistentes textos em favor da natureza e se manifestar, inúmeras vezes, em favor da salvação do ambiente. Com o intuito de salvar vidas. Inclusive e principalmente as humanas. 
 
2025 é também o Ano do Brasil na França e a conferência de Krenak teve por tema dois neologismos que ele criou: “florescidade” e “florestania”. O primeiro lembra que as cidades não podem perder suas florestas. O segundo acentua que “cidadania” é pouco para mostrar aos homens sua responsabilidade. Florestania é a prova de que a floresta é um lugar para acolher a vida e não um lugar vazio ou inabitável. 
 
São temas que deveriam estar presentes na COP30, oportunidade para se discutir a urgência da desfossilização e a conversão dos negacionistas para que percebam ser urgente a mudança de atitudes se se pretender garantir a continuidade da vida nesta sofrida Terra, que nos maltratamos, dizimamos, deterioramos e matamos. 
Quem é mesmo que se vangloria de ser “sapiens” e age como um verdadeiro “ignorans”?

 

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