A juventude contemporânea não é a mais feliz considerada a história da humanidade. Ao contrário, há muitos jovens infelizes. As causas são várias. A tecnologia impõe uma séria competição entre eles. Precisam performar mais e melhor.
Depois, há insegurança no futuro. As profissões desaparecem. O mercado de trabalho procura pessoas que a escola anacrônica e superada não produz.
Além disso, existe a mudança climática. Os fenômenos extremos se intensificam e são mais frequentes. Isso acarreta uma sensação de impotência que os jovens assimilam rapidamente. Daí o número de moços com anomalias mentais, que vão desde o estresse, a depressão, até sintomas de enfermidades mais graves.
Algo que se constata sem a necessidade de recorrer a pesquisas de Harvard ou Yale, é que o estudo já não é uma fonte segura de ascensão social. As gerações sabiam que a Universidade garantiria condições superiores às de seus pais. Agora não. Os jovens ficam dependentes dos mais idosos e estes muito frustrados porque não previram a situação.
O problema é muito sério e terá consequências desditosas. Se o jovem está infeliz – veja-se o número de suicídios em todos os países – e se a tendência é continuar assim por muitos anos, o impacto na sociedade será avassalador. A geração chamada a liderar transformações sociais e econômicas chega à maturidade exausta, desmotivada, estressada, desalentada e emocionalmente fragilizada.
Começar sexualmente cada vez mais cedo não é saudável. Abandonar a religião também. Conviver menos na família é desastroso. Não ler, uma catástrofe. Não encontrar encanto na leitura, uma tragédia.
Remédio existe. Mas é muito raro ver alguém a consumi-lo: nutrir vínculos reais e genuínos, não virtuais. Reduzir a exposição às redes sociais. Valorizar o momento presente. Encontrar pequenas fontes de alegria na singeleza do cotidiano. Já experimentou fazer isso?
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.