José Renato Nalini

Mais veneno na soja

Somos o maior produtor mundial de soja

Pixabay/Pexels

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De acordo com o Instituto Escolhas, uma organização sem fins lucrativos mantida por fundações filantrópicas e cujo interesse é promover debate ambiental com dados sobre o agronegócio, o Brasil vem consumindo mais agrotóxicos e fertilizantes para aumentar a produção de soja. Somos o maior produtor mundial de soja. Mas a que custo ambiental?
 
O crescimento do uso desses produtos é maior do que a ampliação da área plantada. Além de prejuízos para o ambiente, haverá gradual redução da rentabilidade no campo.
 
O Instituto comparou o Brasil com outros produtores: Estados Unidos, Argentina, China e Índia. Nós lideramos o uso de defensivos. Já em relação a fertilizantes, só estamos atrás da China. É importante observar que, apesar do vertiginoso crescimento da área plantada em trinta anos – de onze milhões de hectares para quarenta e quatro milhões de hectares – não houve acréscimo no total produzido. Houve queda no total de sacas obtidas com o uso desses insumos. 
 
Em 1993, o Brasil produzia 23 sacas de soja para cada quilo de agrotóxico empregado. Em 2023, foram apenas 7. Em relação a fertilizantes, a quantidade de sacas caiu de 517 para 333 para cada tonelada de fósforo e potássio empregada. 
 
Tudo isso também foi comprovado pela CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, IBAMA, IBGE e FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Enquanto em três décadas a produtividade da soja tenha crescido 2% ao ano, o aumento da área plantada foi de 5%. 
 
A desculpa do setor é de que em países com neve e frio, é mais fácil controlar pragas. Só que o consumo de agrotóxicos em nosso país subiu de 76 mil toneladas para 755 mil em três décadas, algo como 893% a mais, quase dez vezes acima do aumento de área cultivada, que foi de 96%.
 
O correto e o ideal para o ambiente e para a saúde, seria o uso de bioinsumos. Tudo o que é químico maltrata a terra. Já os bioinsumos mantêm o solo saudável. Estamos prestando atenção a isso? Estamos pesquisando a intensificação do uso do bioinsumo? O que é que a EMBRAPA nos diz quanto a isso?
 
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.  

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