A represa Guarapiranga pediu socorro, mostrou sua fragilidade. Agora está na UTI. É o que o Instituto de Engenharia de São Paulo constatou, ao realizar o seminário “Sem água não se vive: Guarapiranga pede socorro”, com a participação de especialistas e de devotados amigos da represa da qual depende para viver, metade da população paulistana.
O belo reservatório, criado em 1907, na fazenda de Herculano de Freitas, foi sendo dizimado pela ocupação irregular, indiscriminada, clandestina e criminosa, dos que se apoderam de terras insuscetíveis de ocupação intensa, mas reservadas à preservação dos mananciais.
Isso significa assoreamento da represa, que já perdeu cinco metros de profundidade. Mais do que isso, a contaminação da água que bebemos. Envenenada por coliformes fecais, cocaína, resíduos fármacos e microplásticos.
O sistema de tratamento é arcaico e não filtra todas as impurezas. Foi o que mostrou o engenheiro José Carlos Leitão, com sua experiência de décadas, em sua exposição. Quadro aterrador. Mas presenciado e aplaudido pela engenheira Miriana Marques, presidente em exercício do Instituto de Engenharia e pelo combativo engenheiro Ivan Whately, vice-presidente de Relações Externas da entidade.
Participaram do evento Maria Tereza Fideli, responsável pelo Programa Mananciais da Prefeitura, Marco Palermo, da SP Urbanismo, Tassilo Mader, presidente da Sociedade Amigos da Riviera Paulista e muitos outros amigos de Guarapiranga, que
estão aflitos com a situação de abandono e clamam por providências da SABESP.
É mais do que urgente o movimento coletivo – Poder Público e sociedade civil – para salvar a Guarapiranga. A Prefeitura faz sua parte com a OIDA – Operação Integrada em Defesa das Águas, em pareceria com o Governo do Estado. Mas é preciso a comoção de todos: o problema é grave e atinge à totalidade da população. Não é responsabilidade exclusiva do governo.
Esgoto é lançado intensamente naquelas águas que bebemos e isso é calamitoso para a saúde, além de evidenciar uma situação de descalabro que precisa sério enfrentamento. São Paulo não merece tal desgraça. Vamos tirar a Guarapiranga da UTI e com urgência.
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.