A conscientização da sociedade quanto ao cataclismo climático precisa de protagonismo em escala suficiente para o enfrentamento dos fenômenos extremos, resultantes do aquecimento global. Embora grande parte da população ainda não encare com a necessária seriedade a questão, é possível apontar bons exemplos que, felizmente, existem ou existiram em todas as cidades.
Um excelente exemplo é o do arquiteto Raul Pereira, autor de inúmeros projetos de arquitetura paisagística, um cultor do ambiente e responsável por obras que se espalham pelo Brasil e que trataram a natureza com o respeito que ela merece.
Na década de oitenta, ele desenvolveu no município de Diadema, o programa “Fruta no quintal”, que consistiu num abrangente movimento que envolveu todas as escolas estaduais e municipais e que entusiasmou o alunado local.
Além da transmissão de conhecimento ecológico, uma formação transversal com a participação de docentes de várias disciplinas, ele descobriu que Diadema, a cidade mais densamente habitada do Estado, não dispunha de muitas áreas que pudessem receber plantio. Mas havia terreno aproveitável dentro das unidades de ensino. Elas receberam árvores e, depois da formação dos educandos, estes recebiam mudas de espécies frutíferas para que plantassem em suas casas.
A participação de todos os envolvidos, principalmente das crianças, evidenciou que o tema natureza é sedutor e sensibiliza os mais jovens, as vítimas preferenciais dos eventos que já acontecem e que continuarão a ocorrer, com frequência e intensidade cada vez maiores.
Essa experiência também ocorreu, agora com o nome “Projeto Mutirão” e, em seguida, “Mutirão Verde”, na cidade de Osasco. Prova de que arquitetos bem sucedidos, chamados a projetar obras memoráveis, também encontram disposição e tempo suficiente para desenvolver iniciativas benéficas para as atuais e futuras gerações.
Gestos como os do Arquiteto Raul Pereira são dignos de encômios e precisam merecer divulgação e apoio. E que sejam replicados em outras cidades, pois todas precisam de mais verde e de mais consciência ecológica.
Que saudades do tempo em que todas as casas tinham quintais com mangueiras, laranjeiras, ameixeiras, pitangueiras e outras espécies nossas. Será que hoje isso é mesmo impossível?