José Renato Nalini

Encante-se com o mundo

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A tendência em muitos de nós, nestes tempos estranhos que vivenciamos, é ver o mundo com pessimismo. Tudo está pior. Violência, carestia, falta de seriedade na vida pública, emergência climática, traições e falsidades. Mas é preciso reagir. Na verdade, hoje vivemos mais do que ontem. Pelo menos, aqueles que se cuidam e, lamentavelmente, os que têm dinheiro para pagar planos de saúde que só sabem se reajustar e procrastinar a liberação para exames mais dispendiosos. 
 
O drama do Brasil é que as pessoas estão ficando mais toscas. Não gostam de ler. Encantam-se com os celulares. Desde os mais rústicos, até os mais propensos a se tornarem eruditos. Algo que não acontece, porque optam pelas redes sociais. 
 
O conselho para quem não está satisfeito é ler livros. Como diz Simon Kuper, no “Financial Times”, “um livro ainda é a melhor tecnologia para transmitir a complexidade do mundo”. A complexidade evita a ideologia, o fanatismo, a polarização cada vez mais burra e mais violenta. Quem fala “com certeza” várias vezes numa conversa, tende a enxergar conspiração e a ser vítima algorítmica online. 
 
Não usar muito as telas é outro bom parâmetro. Sem telinhas, a mente cria liberdade para vagar e fazer novas conexões. Caminhar. Olhar a natureza. Plantar uma árvore. Pedir mais arborização ao Poder Público. 
 
Um bom conselho é fazer o seu trabalho, não o do mundo. Fazer bem feito o que você ficou encarregado de fazer. Não pretender consertar o Universo, mas a sua gaveta, o seu quarto, o seu espaço de trabalho. Ser multidisciplinar. Interessar-se por tudo. Não ignorar outras sendas. É preciso cultivar uma capacidade de processamento sem precedentes, pois o conhecimento se acumulou e quem se dispuser a enxergar esse panorama, terá uma visão bem ampla da vida.
 
É bom ser humilde. Pensar sempre que você pode estar errado. Os medíocres fazem questão de confirmar as suposições iniciais. O “viés de confirmação” inibe alcançar novos ou mais profundos insights. E continuar a aprender com todos. Todos nos tornamos mais ou menos inteligentes ao longo da vida, de acordo com os esforços despendidos para pensar. Os mais sábios são os que sabem aprender com todos, até com os mais simples e aparentemente rústicos. Ouvir mais é um inteligente recarregamento das próprias energias. O mundo ainda tem beleza. É só aprender e saber enxergá-la.  

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