José Renato Nalini

Até depois de morto

Vamos falar do livro escrito por um morto

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Em regra, somos desmemoriados. Só prestamos atenção ao que está sob nossos olhos e desperta nossa atenção. Nosso foco é o presente. E em ritmo acelerado.

O presente é fugaz. Passa depressa. O passado é esquecido rapidamente. Com ele, olvidamos também os mortos. Estes morrem duas vezes. Quando deixam a existência física e quando são esquecidos por aqueles que deles deveriam se lembrar.
 
Vamos falar do livro escrito por um morto. Não. Escrito por um ser vivente que morreu por uma causa. 
 
O livro “Como Salvar a Amazônia” foi escrito pelo jornalista britânico Dom Phillips, na verdade Dominic Mark Phillips (23.7.1964-5.6.2022). Ele foi correspondente do jornal “The Guardian” no Brasil.

E foi assassinado juntamente com o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira (15.8.1980), no Vale do Javari, em Atalaia do Norte, Amazonas. Episódio impune e não esclarecido.
 
A morte de ambos foi noticiada à época. Três anos depois, quem fala da dupla?
 
Subsiste, porém, o livro, obra póstuma sob a forma de coletânea, com a participação de outros dez jornalistas, sob coordenação da viúva do autor, Alessandra Sampaio.

Ele escrevera quatro capítulos, mas deixara anotações que serviram de roteiro para os seus colegas de profissão, recrutados por sua companheira. De forma corajosa, ela continua a luta do marido.
 
O intuito de Dom Phillips era demonstrar que, para realmente ajudar a Amazônia, é preciso mobilizar muitas pessoas. Recentemente, o governador de Goiás Ronaldo Caiado afirmou no Congresso Cambi, em celebração do aniversário da ADEMA, que a região foi tomada pelo crime organizado internacional. Quando a dupla foi vítima de homicídio, tentava obter informações sobre a pesca ilegal e outras ilicitudes ali recorrentes. 
 
Além de conhecer um pouco da região icônica, chamada de “pulmão do planeta”, que na verdade é o “ar condicionado” da Terra, o leitor que adquirir o livro contribuirá com o Instituto Dom Phillips, cuja missão é preservar a Hileia Amazônica. Para alguns, uma utopia irrealizável.
 
Tomara a COP 30 atue também nesse sentido. O planeta agradecerá.

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