Engenharia do Cinema
Produção é dirigida por Paul Thomas Anderson
Warner Bros/Divulgação
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O cineasta Paul Thomas Anderson consegue ter atenção em quaisquer projetos que desenvolve, embora seu público-alvo quase sempre seja o mais cult e alternativo. Entretanto, "Uma Batalha Após a Outra" é facilmente seu título mais pipoca, pois, se nos outros tínhamos um foco maior nas ações do cotidiano, agora temos sequências de ação e um espaço maior para o suspense.
Enquanto em longas como "Boogie Nights" ele estabelecia um paralelo entre a indústria pornográfica e a Hollywood da época, aqui o cineasta apresenta, com toques de sátira e fatos (mesmo que ficcionais), o quanto algumas situações ditas "revolucionárias" podem se tornar ridículas diante de seus paralelos.
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Baseado no livro de Thomas Pynchon, a história gira em torno do casal de revolucionários terroristas Bob (Leonardo DiCaprio) e Perfidia (Teyana Taylor), que, durante uma série de atentados e roubos, são perseguidos pelo coronel Steven J. Lockjaw (Sean Penn).
Após uma dessas ações resultar na divisão do grupo, dezesseis anos depois ele reaparece e começa uma caçada implacável por Bob e sua filha, agora adolescente, Willa (Chase Infiniti).
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Para exemplificar o quanto absurdas são algumas decisões tomadas por Bob e Lockjaw, Anderson estabelece uma pitada ácida de humor negro nas situações em que eles estão, intercalando uma iminente tensão.
Um exemplo é a tomada inicial em que Bob e Perfidia, junto de seu grupo de revolucionários, vão resgatar um grupo de imigrantes presos em um campo militar. Se, por um lado, uma parte dos coadjuvantes mira na ação, por outro, Perfidia invade a sala onde está Lockjaw, e uma cena inusitada acontece, resultando em um misto de humor e constrangimento no público e nos personagens.
São detalhes como esse que fazem parte do estilo de Anderson nesta trama, em que a atuação caricata de Penn não apenas consegue trazer mais humor, como também pode resultar em uma possível indicação ao Oscar como coadjuvante.
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Em contrapartida, DiCaprio fica mais uma vez com a função de não apenas trazer mais drama para a narrativa, como entregar humor ao cenário. Algo bastante similar ao que ele fez em "Não Olhe Para Cima", mas aqui existe uma pitada do pastelão incrementada, como quando Bob está fumando maconha e se atrapalha para tentar recordar o código do grupo.
Mesmo com o humor sendo o coadjuvante na trama, Anderson consegue mostrar que possui um talento nato para sequências de ação e até mesmo de perseguição (deixando até mesmo os últimos "Velozes e Furiosos" no chinelo).
A imersão criada para a cena em que o roubo a banco dá errado por conta de um descuido de Perfidia é espetacular, principalmente por ele intercalar três tipos de tomadas diferentes, como a área e a terrestre.
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Um pouco mais à frente, há uma cena de perseguição em que a criação da tensão não se perde em momento algum, mesmo com ele intercalando a montagem com os três personagens envolvidos nela.
Por isso, além de ambas as cenas serem melhor apreciadas em uma tela grande (o que justifica a utilização da tecnologia IMAX), muito provavelmente a fotografia de Michael Bauman será lembrada no Oscar.
"Uma Batalha Após a Outra" possivelmente será o responsável por dar, finalmente, o careca de ouro para Paul Thomas Anderson, mesmo que não seja o seu melhor projeto, e sim o mais "popular".
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