Engenharia do Cinema

Série sobre Chespirito emociona, mas explica demais os conflitos

Produção conta os bastidores e a vida do autor

HBO Max/Divulgação

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Não é novidade que os bastidores de "Chaves" e "Chapolin" foram dos mais tristes e polêmicos da história da televisão mundial. Se, de um lado, Roberto Gómez Bolaños sabia como criar um universo dramatúrgico de forma simples, porém rentável, do outro, os conflitos entre o elenco só faziam crescer.

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Com os herdeiros assumindo os direitos sobre as marcas de Chespirito (como é conhecido Bolaños), e com o retorno de ambas as atrações à televisão e ao streaming, foi realizada a série "Chespirito: Sem Querer Querendo".

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Escrita em boa parte pelos próprios filhos de Bolaños, a produção de oito episódios coloca em cena não apenas os momentos marcantes da criação dos programas, mas também os conflitos entre Carlos Villagrán e Florinda Meza, aqui retratados como Marcos Barragán e Margarita Ruíz.

Dividida em oito episódios com cerca de 50 minutos cada, a atração intercala os bastidores do famoso episódio em Acapulco com a trajetória de Bolaños desde sua infância, seu relacionamento com Graciela (Paulina Dávila) e como "Chaves" e "Chapolin" se tornaram dois dos maiores programas da América Latina.

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É perceptível o cuidado com a escolha do elenco, buscando atores com grande semelhança física aos originais. Nomes como Miguel Islas, Juan Lecanda, Arturo Barba, Paola Montes de Oca e Andrea Noli estão impressionantemente parecidos com Ramón Valdés, "Barragán", Rubén Aguirre, María Antonieta de las Nieves e Angelines Fernández.

Por mais que essas semelhanças sejam nítidas e que algumas discussões delicadas sejam abordadas, como o relacionamento entre Roberto e Margarida e o crescente conflito de ego de Marcos, o roteiro tropeça ao tentar desenhar algumas situações de forma exageradamente didática.

Um exemplo disso é a cena em que, após uma discussão entre o elenco envolvendo Margarida, um dos personagens conclui, de forma forçada, que "ela seria a responsável pelo fim de tudo". Em outro momento, Roberto alerta Marcos que ele não deve "se prender para sempre a um único personagem". São pitadas homeopáticas, mas funcionam como indiretas lançadas pelos herdeiros.

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Entretanto, algumas dramatizações que tentam retratar Roberto como um gênio, seja nas cenas em que ele escreve seus primeiros roteiros, seja nos momentos de inspiração para criar "Chaves", acabam sendo prejudiciais.

Além de excessivamente caricatas e repletas de frases de efeito, essas cenas comprometem o conjunto. Mesmo que o estilo flerte propositalmente com o tom das novelas mexicanas, isso acaba atrapalhando, já que Lecanda e Bárbara López (intérprete de Margarida) entregam ótimas atuações e representam o núcleo mais dramático da trama.

A dupla ainda consegue desenvolver um bom timing com Pablo Cruz, que interpreta Bolaños e sustenta muito bem o personagem. Graças a um excelente trabalho de maquiagem, Cruz se assemelha bastante ao artista, principalmente em sua postura e gestual.

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"Chespirito: Sem Querer Querendo" resulta em uma ótima produção, entregando aos fãs de "Chaves" exatamente o que eles queriam e com qualidade.

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