'Round 6' já deveria ter acabado, e a terceira temporada prova isso

Não é novidade que a obra criada por Hwang Dong-hyuk tenha se tornado um dos carros-chefes da Netflix. "Batatinha frita 1, 2, 3" se tornou uma frase repetida à exaustão em diversos lugares nos últimos quatro anos.

Após o anúncio de renovação para mais duas temporadas, que inclusive foram gravadas ao mesmo tempo, muito se esperava sobre o que iria acontecer com Seong Gi-hun (Lee Jung-jae), visto que os eventos do primeiro ano haviam se encerrado devidamente.

Depois de uma segunda temporada mediana, mas que ainda assim consegue prender a atenção do público, esta terceira parece ter resgatado a essência da série. Porém, com o intuito de entregar algo poético e chocante, acaba caindo em contradição constantemente.

A história começa exatamente do ponto onde o segundo ano terminou, com a rebelião de Gi-hun dando errado, e ele, junto a outros participantes do mortal jogo de Front Man (Tom Choi), tendo de arcar com as consequências em desafios ainda piores.

Assim como em franquias como "Jogos Mortais" e "Premonição", a graça de acompanhar "Round 6" está nos desafios que os personagens vão enfrentar. Por mais que saibamos que apenas uma pessoa sobreviverá no final, a forma como os jogos se desdobram e a tensão transmitida pelos personagens ao público ainda funcionam.

Mesmo que Gi-hun esteja mais apagado nesta temporada, o destaque vai para a Jogadora 222/Jun-hee (Jo Yu-ri), a única participante grávida, que protagoniza os momentos mais delicados e impactantes.

Sua relação com a Jogadora 120/Cho Hyun-ju (Park Sung-Hoon) e Jang Geum-ja/Jogadora 149 (Kang Ae-sim) é o grande carro-chefe da temporada. Não só nos pegamos torcendo ainda mais pelo trio, como Dong-hyuk aproveita essa conexão para extrair as melhores cenas de suspense com eles.

Seja pelos riscos iminentes durante grande parte dos jogos ou pela constante possibilidade de sermos pegos de surpresa, uma vez que estamos falando de uma série que faz questão de explorar esse recurso, a tensão permanece constante.

No entanto, ao chegarmos ao sexto e último episódio da temporada, fica perceptível que Dong-hyuk optou não apenas por chocar o espectador, mas também por trazer uma reflexão à tona.

Só que os caminhos que conduzem a isso não são convincentes, já que algumas decisões e ações não condizem com os personagens que as executam, seja dentro dos jogos ou no arco envolvendo os detetives que estão procurando a ilha onde ocorrem os desafios.

A série "Round 6" deixa claro que já era hora de encerrar essa história, mas, possivelmente, ainda veremos muito desse universo nos próximos anos.