Engenharia do Cinema
Filme é um dos mais cotados ao Oscar 2026
Vitrine Filmes/Divulgação
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Após quase chegar perto do Oscar com os aclamados "Aquarius", "Bacurau" e "Relatos Fantasmas", parece que o cineasta Kleber Mendonça Filho finalmente vai marcar presença na cerimônia do careca dourado como indicado em 2026.
Além de seguir toda a fórmula que a Academia de Artes e Ciências gosta de ver em uma produção cinematográfica, em "O Agente Secreto" o diretor ainda nos faz ver Wagner Moura entregar uma performance à altura.
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A história se passa em 1977, quando o professor universitário Marcelo (Moura) se muda para o Recife. Ao mesmo tempo em que reacende antigos episódios de sua vida, ele percebe que, por mais que fuja, o caos sempre o perseguirá.
Um dos pontos da narrativa de Kleber é não entregar exatamente o que o filme se propõe no primeiro ato, assim como no material promocional do longa. Em uma atmosfera de mistério, sabemos que Marcelo esconde um passado e uma culpa em torno de algumas decisões que podem ser, ou não, erradas.
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Se "Ainda Estou Aqui" deixava explícito o clima da ditadura militar, em "O Agente Secreto" isso fica como um mero coadjuvante — como na sequência de abertura, em que há um corpo coberto por um papelão em um posto de gasolina. Tanto o frentista quanto os policiais que aparecem em cena sequer dão a mínima para tirá-lo.
Por mais que o roteiro tenha sido sutil nessa abordagem sobre o clima da época, em um segundo momento ele opta por uma representação mais caricata da polícia daquela região. Dependendo da perspectiva, as atuações e os diálogos desses personagens podem soar exagerados e ir na contramão da proposta.
Como, por exemplo, as falas escrachadas de Euclides (Robério Diógenes) sobre quem discorda dele ser "comunista". Diante do comportamento dele, repetir isso constantemente vai um pouco na contramão da proposta estabelecida por Kleber.
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Entretanto, isso soa apenas como um pequeno detalhe na trama, que consegue se sobressair muito pela atuação do próprio Wagner Moura, que possivelmente será indicado ao Oscar, seja pela sua naturalidade diante dos cenários mais absurdos ou pelo timing cômico.
Muitos desses momentos são causados pela personagem Dona Sebastiana, interpretada pela atriz Tânia Maria. Com sacadas geniais e um humor que perceptivelmente vem do improviso, qualquer semelhança com Catherine Scorsese é mera coincidência. Talvez ela ainda fature uma indicação como atriz coadjuvante.
Já a direção de Kleber Mendonça Filho mais uma vez entrega aquilo que ele sempre faz em suas obras, resultando em um verdadeiro hibridismo de gêneros. Em determinado arco, ele oferece uma excelente sequência de suspense e, minutos depois, consegue arrancar gargalhadas com uma fala de Sebastiana.
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O suspense em si fica a cargo de Augusto (Roney Villela) e Bobbi (Gabriel Leone), dois assassinos de aluguel e, sempre que aparecem em cena, pode-se saber que algum suspense está sendo construído.
Como estamos falando de um filme de Kleber Mendonça Filho, mais uma vez ele presta uma devida homenagem ao Cinema São Luiz, em Recife. Além de conseguir encaixar um dos espaços que o influenciaram a ser o cineasta que é hoje, ele presta uma digna citação aos cinemas de rua e aos grandes clássicos daquela época.
Seja por conta da reação do público ao sair de uma sessão de "A Profecia" ou pela curiosidade em torno do clássico "Tubarão". Este último, inclusive, conta com uma sutil referência na própria trama.
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"O Agente Secreto" nasceu para fazer história no cinema brasileiro e facilmente será o responsável por entregar o segundo Oscar ao país.
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