Engenharia do Cinema
Continuação opta por deixar o terror de lado
Universal Pictures/Divulgação
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Depois de "M3gan" ter se tornado um dos primeiros grandes sucessos originais após o cenário de pandemia, a Blumhouse viu nascer ali uma nova franquia de horror. Indo na contramão das habituais continuações do estúdio, a produção optou por focar mais na ação e na comédia, deixando o terror apenas para o seu antecessor.
Em "M3gan 2.0", o roteirista Gerard Johnstone (também responsável pelo primeiro filme) teve como base o mesmo caminho de James Cameron em "O Exterminador do Futuro 2" (algo que ele confessou ter feito em entrevistas recentes): transformar a vilã em heroína, em um contexto bastante semelhante à trama estrelada por Arnold Schwarzenegger.
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Após a boneca Megan (Jenna Davis) ter causado diversas mortes, sua criadora, Gemma (Allison Williams), passou a lutar contra a evolução da IA. Ao mesmo tempo, sua sobrinha Cady (Violet McGraw) se mostra contrária a isso. Eis que surge a ciborgue Amelia (Ivanna Sakhno), que se revela uma ameaça à humanidade. Porém, a única capaz de detê-la é a própria Megan, que reaparece disposta a enfrentá-la.
Assim como na obra de Cameron e no recente "O Contador 2", a decisão pela mudança brusca na trama tem um objetivo claro: conduzir uma nova franquia encabeçada por antagonistas que fizeram sucesso, ao transformá-los em heróis por decisões simplórias no texto.
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Por mais que Megan seja uma personagem interessante, e que haja inúmeras possibilidades de explorar o universo ao seu redor, a produção ainda comete o erro de não apostar na violência gráfica como recurso narrativo.
Se no primeiro filme ela ajudava a tornar algumas cenas mais chocantes, neste segundo, muitas mortes soam "estranhas" por conta da ausência desse elemento.
Em compensação, há muitas cenas de ação e lutas bem conduzidas, que até conseguem prender a atenção do espectador. Porém, diferente do antecessor, nada aqui é memorável, e a sensação é a de um mero passatempo, sem maiores compromissos.
Mesmo que Megan esteja mais engraçada e "amigável" neste longa, sendo dela as melhores piadas, o restante do elenco atua no piloto automático, ciente de que ela carregará o filme nas costas. A exceção é o personagem Cole (Brian Jordan Alvarez), que consegue um ótimo timing cômico em grande parte das cenas.
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"M3gan 2.0" é mais uma continuação genérica que, por mais bobinha que seja, ainda entretém sem grandes pretensões.
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