Engenharia do Cinema

'Ladrões' prova que até Aronofsky pode se render ao escapismo

Longa é estrelado por Austin Butler, de 'Elvis'

Sony Pictures/Divulgação

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O cineasta Darren Aronofsky sempre foi conhecido por trabalhar profundamente a mentalidade de seus protagonistas, explorando suas neuras, manias e loucuras para alcançar um objetivo ou suprir uma dor.

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Isso chegou a render o Oscar para Brendan Fraser ("A Baleia") e Natalie Portman ("Cisne Negro"). Já em "Ladrões", ele resolve se desligar um pouco desse rótulo e entregar algo diferente de seu padrão, aproximando-se mais dos estilos de Guy Ritchie e Martin Scorsese.

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Adaptando o livro de Charlie Huston (também responsável pelo roteiro), a trama gira em torno do barman Hank (Austin Butler), que se vê em uma grande enrascada ao presenciar um grupo de criminosos invadindo o apartamento de seu vizinho Russ (Matt Smith). Logo, ele precisa lutar pela própria sobrevivência.

Aronofsky sabe que, para prender a atenção do espectador, deve ir muito além de um simples enquadramento de uma ferida física profunda. Assim como em suas obras anteriores, o cineasta se preocupa primeiro em apresentar Hank e sua relação com a namorada, Yvonne (Zoë Kravitz), além da rotina do casal, regada a trabalho, bebedeiras e sexo.

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Com o cenário estabelecido, ele parte para a contrapartida. Nisso, vemos que Hank ainda carrega um trauma do passado, detalhe que é explorado ao longo da trama. Ao estabelecer uma conexão firme entre o espectador e a dupla, Aronofsky já parte para a ação central.

Por mais que não beire ao chocante, muito menos ao excesso de violência gráfica, o filme se aproxima mais da vertente psicológica, em que o espectador é inserido na mente de Hank e passa a se questionar: "se fosse comigo, o que eu faria?".

Mesmo sendo brevemente previsível, o filme se sobressai pelo carisma dos atores, como Butler, Regina King (Detetive Ronan) e Matt Smith, que consegue roubar a cena em um papel tão divertido que nos faz esquecer que um dia ele já foi dançarino em Morbius.

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Como estamos falando de um filme sobre gangues e crimes, Aronofsky se aproxima da vertente de Guy Ritchie ao entregar uma retratação interessante dos personagens coadjuvantes. Mesmo que muitos deles não sejam bem desenvolvidos, as situações em que são colocados beiram o excêntrico.

É o caso dos misteriosos judeus Lipa (Liev Schreiber) e Shmully (Vincent D’Onofrio), e dos gangsters Colorado (Bad Bunny) e Pavel (Nikita Kukushkin), cuja presença pode soar ameaçadora, mas cujas atitudes inusitadas nos fazem rir.

Por mais que "Ladrões" seja o filme mais genérico de Aronofsky, vemos que até grandes cineastas às vezes precisam descansar a mente e entregar um divertimento escapista.

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