Engenharia do Cinema

'Juntos' mostra que até o body horror pode ter humor e emoção

Filme é estrelado por Dave Franco e Alison Brie

Diamond Films/Divulgação

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Após fazer barulho nos festivais de Sundance e SXSW, no começo de 2025, finalmente chega aos cinemas “Juntos”, que marca a estreia do cineasta Michael Shanks. No embalo de sucessos recentes como “A Substância” e “Alien”, temos aqui mais um caso de filme centrado no body horror.

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Ao se mudarem para uma casa no interior, o casal Tim (Dave Franco) e Millie (Alison Brie) mantém um relacionamento conflituoso e cada vez mais delicado. No entanto, eles acabam tendo de enfrentar uma maldição que faz com que seus corpos fiquem grudados.

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Para colocar o público dentro de sua narrativa, Shanks opta por primeiro mostrar a rotina de Tim e Millie, ao mesmo tempo em que evidencia o quanto ambos não conseguem mais viver como casal. 
Enquanto ele tenta emplacar na carreira musical, que parece cada vez mais estagnada, ela segue sua rotina como professora primária e começa a se adaptar a um novo ambiente de trabalho.

Ao traçar esse paralelo nos primeiros 15 minutos, o diretor começa a inserir o arco em torno da maldição e planta as primeiras sementes da tensão. Porém, quando as consequências aparecem, a direção oscila entre extremos: é um verdadeiro “8 ou 80”.

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Se, por um lado, ele consegue criar uma atmosfera tensa em algumas tomadas em que o casal começa a ficar grudado, por outro, opta por não mostrar certas cenas que seriam extremamente violentas. Pelos rumos que a trama indicava, essa decisão acaba destoando.

Um exemplo é uma cena em que Tim e Millie passam por algo extremamente doloroso e até traumatizante. Na sequência seguinte, eles parecem completamente normais, como se nada tivesse acontecido. Pouco depois, Millie sofre um corte profundo, mas menos grave do que o mostrado poucos minutos antes, e sua reação de dor é muito maior e mais verídica.

“Ah, mas eles estavam tomando remédio para diminuir a dor.” Sim, só que isso não se sustenta dentro do que havia sido apresentado antes. Por mais que tenha uma pegada trash em seu escopo, a direção estava encaminhando para uma narrativa mais séria.

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No entanto, esses deslizes cometidos por Shanks não estragam a experiência do espectador, que consegue ficar imerso nas mais diversas situações criadas e desenvolvidas no decorrer da narrativa.

Seja na perspectiva de Tim ou Millie, nós compreendemos as motivações da dupla e nos envolvemos na atmosfera misteriosa sobre o que realmente pode estar causando esse cenário.

Além de algumas consequências diante dos cenários pré-estabelecidos, como o arco do banheiro da escola, que acaba sendo um alívio cômico por conta da veia cômica que Brie e Franco já apresentaram em outros filmes juntos (como "Artista do Desastre").

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Como um ponto de apoio para a gangorra que é a rotina do casal, o misterioso Jamie (Damon Herriman, o Charles Manson de "Era Uma Vez em... Hollywood") casa perfeitamente com o paralelo da trama, uma vez que ele também carrega alguns pesos do passado.

“Juntos” é um interessante longa de body horror, que pode resultar em uma nova franquia ou até mesmo influenciar futuros projetos dentro desse universo.

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