Engenharia do Cinema
Filme conta com George Clooney e Adam Sandler
Netflix/Divulgação
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Não é novidade que, de vez em quando, George Clooney se aventura em projetos que o fazem cogitar uma indicação ao Oscar. Em "Jay Kelly", isso não apenas é nítido, como também se pode dizer que este é seu longa mais pessoal, uma vez que a própria narrativa se assemelha às suas passagens pela indústria cinematográfica.
O cineasta Noah Baumbach não apenas demonstra seu gosto por prestar constantes homenagens à sétima arte, mas também consegue apresentar um perfil mais humano de seus protagonistas.
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Após um reencontro inusitado com um amigo da juventude, o ator Jay Kelly (Clooney) começa a reavaliar sua vida e a focar em coisas que realmente importam e fazem a diferença. Entretanto, seu agente Ron (Adam Sandler) precisa convencê-lo a se preparar para um novo papel em uma grande produção.
É perceptível que Baumbach e Emily Mortimer utilizaram suas experiências nos sets de filmagem para conceber o perfil de Kelly, somadas, simultaneamente, às vivências do próprio Clooney. Vale notar que, originalmente, o protagonista seria vivido por Brad Pitt.
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O mesmo vale para a personificação de Ron, que nada mais é do que outro personagem no estilo clássico de Sandler: o homem bobão casado com uma mulher bonita, interpretada aqui por Greta Gerwig (esposa de Baumbach na vida real). O elenco ainda conta com as filhas de Sandler interpretando "elas mesmas" e uma paixão reprimida por outra mulher (Laura Dern).
Mesmo que Sandler esteja bem no papel, graças ao peso dramático que consegue exercer em certas cenas, o descuido da Academia com sua não indicação por "Joias Brutas" torna provável que ele seja indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante por este trabalho.
Coincidentemente, tanto ele quanto Clooney contam com atores distintos que servem de trampolim para suas motivações dramáticas. Enquanto o primeiro contracena com Patrick Wilson, o segundo protagoniza uma discussão delicada com Billy Crudup nos primeiros atos.
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O próprio Baumbach ainda encontra brechas para encaixar referências à sua trajetória, uma vez que usa indiretamente o personagem de Jim Broadbent, Peter Schneider, para homenagear seu mentor no universo do cinema, Peter Bogdanovich.
Assim como na ficção, o cineasta enfrentou diversos problemas financeiros e ficou esquecido pela indústria em seus últimos anos de vida. Esse escopo é retratado na trama e serve como pontapé para a jornada de Kelly.
"Jay Kelly" não nasceu para ganhar Oscars, mas sim para servir de reflexão aos atores que vivem em função de vencer o "careca dourado".
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