Engenharia do Cinema
Longa é estrelado por Oscar Isaac e Mia Goth
Netflix/Divulgação
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Após recusar uma proposta da Universal Pictures no passado para comandar o reboot do universo de monstros no cinema, por conta de seu trabalho em ambos os filmes de "Hellboy", Guillermo del Toro aproveitou a ótima relação com a Netflix, depois de vencer o Oscar por "Pinóquio", para que pudesse “voltar atrás” e finalmente realizar um longa de "Frankenstein".
Inspirando-se diretamente no livro de Mary Shelley, o cineasta mexicano aborda, em sua adaptação, tópicos como religião, obsessão, ciência e comportamento humano, tudo isso com seu estilo fantasioso característico.
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A história apresenta Victor Frankenstein (Oscar Isaac), que, após ter diversos traumas na infância, já adulto passa a estudar profundamente como criar uma nova vida humana. Só que, à medida que vai conseguindo concretizar isso, passa a ser dominado pela loucura e pela obsessão.
Para conduzir essa história de uma forma que fugisse do habitual, o cineasta opta por dividi-la em três atos: o primeiro, centrado na infância de Victor; o segundo, no processo em que ele desenvolve a criatura; e o terceiro e último, sobre se ela é realmente quem parece ser.
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Em vez de mostrar a trama na perspectiva do autor, ela é narrada por Victor e pela própria criatura (Jacob Elordi) ao capitão da embarcação (Lars Mikkelsen).
Nisso, Guillermo opta por inserir doses homeopáticas sobre a importância da fé na vida do protagonista, pois, durante a infância, ele passou por vários traumas em relação ao pai, principalmente depois do falecimento da mãe (Mia Goth).
Logo, isso acabou desencadeando o desejo de criar essa iniciativa inusitada, ao mesmo tempo em que a presença de Elizabeth (também interpretada por Mia) desperta uma paixão reprimida pela ausência materna, embora ela seja a noiva de seu irmão, William.
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Nesse contexto, o destaque realmente fica para Isaac, pois, além de seu personagem ser aos poucos desconstruído, ele naturalmente consegue apresentar as doses de loucura que Victor passa a ter, apenas com o olhar.
Em contrapartida, Elordi tem aqui a melhor atuação de sua carreira nos cinemas. Sensível, ingênuo e humano, além de estar com um visual irreconhecível por conta da forte maquiagem, que curiosamente vai sendo revelada aos poucos, ele transparece muito bem a emoção em torno do personagem.
Em relação ao trabalho de Guillermo, mais uma vez ele demonstra um enorme cuidado com a fotografia (que poderia ser melhor aproveitada em 3D), o design de produção, o figurino e as cenas de terror, carregadas de muita violência gráfica (quem tem estômago fraco, é melhor evitar), e as dramáticas.
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Nos últimos 20 minutos, porém, o filme se arrasta um pouco para demonstrar as consequências de Victor; a narrativa poderia ter sido mais sucinta.
"Frankenstein" é mais um interessante e belo conto de Guillermo del Toro, que continua acertando ao manter o respeito às obras originais que servem de inspiração para seus filmes
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