Engenharia do Cinema
Produção é uma comédia que funciona como drama
Sony Pictures/Divulgação
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A cineasta Celine Song chamou a atenção dos cinéfilos com o seu trabalho no belo e simples "Vidas Passadas", que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por roteiro original. Obviamente, muito se falava sobre seu projeto posterior, que veio a ser um romance estrelado por Dakota Johnson, Chris Evans e Pedro Pascal.
Por mais que, em um primeiro momento, se assemelhe a um "mais do mesmo", o diferencial de "Amores Materialistas" é apresentar uma história que se preocupa em desenvolver o trio central e colocá-lo em subtramas que fazem o espectador refletir.
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Tanto que mesmo sendo vendido como uma comédia romântica com estrelas de Hollywood, estamos falando de um romance com toques dramáticos.
A história gira em torno de Lucy (Johnson), uma casamenteira que sempre se preocupou em juntar casais de acordo com estatísticas. No entanto, ao conhecer o empresário Peter (Pascal), ela se reencontra com seu ex-namorado John (Evans), que agora trabalha como garçom.
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O roteiro de Song coloca, de forma perceptível, em cena uma reflexão sobre o debate entre feminismo e Redpill, onde, de um lado, temos Lucy pregando discursos em que a mulher deve sempre se relacionar com quem é rico e bilionário e, do outro, temos John, que foi simplesmente desprezado por não poder oferecer isso a ela.
Como a trama foi inspirada em experiências de vida da própria cineasta, esse fator contribui para desenvolver uma imersão maior, também pelo fato de o público conseguir criar um elo com o trio central. Inclusive, atire a primeira pedra quem nunca se identificou com alguma das situações apresentadas.
Se, nas interações com Peter, sempre há uma música de fundo e diálogos que remetem à grandiosidade, com John, a única coisa a se ouvir é a conversa entre ambos e o vazio do ambiente, já que o casal não havia terminado de forma harmoniosa há alguns anos.
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Isso só ganha mais força por conta de Johnson ter uma química absurda com ambos os atores e se mostrar uma ótima atriz dramática, mesmo com algumas escolhas equivocadas, como "50 Tons de Cinza" e "Madame Teia".
Seu talento só fica mais explícito em uma subtrama que envolve uma de suas clientes (Zoe Winters), cujo embate entre ambas nos coloca na pele dela diante da pergunta: "qual lado está certo?". Se seu agente conseguir mais papéis nesse estilo, em breve, podemos vê-la no Oscar.
"Amores Materialistas" é mais um caso raro em que parece ser apenas uma comédia romântica clichê, mas termina como um forte e interessante drama reflexivo com pitadas românticas.
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