Engenharia do Cinema
Produção é estrelada por Tom Hiddleston, o Loki
Diamond Films/Divulgação
Continua depois da publicidade
Ao ver o nome do cineasta Mike Flanagan atrelado a alguma produção, o fator qualidade começa a acender. Seja com as minisséries "A Maldição da Residência Hill" ou "A Maldição da Mansão Bly", ou até mesmo com a adaptação da obra de Stephen King, "Doutor Sono". O cara sabe como contar uma boa história.
Em "A Vida de Chuck", Flanagan traz às telonas um dos contos de King narrados na coletânea "If It Bleeds", lançada no Brasil como "Com Sangue". Entretanto, diferente das obras mencionadas, temos aqui um longa que pende mais para o lado dramático, em vez do tradicional horror.
Continua depois da publicidade
O resultado foi tão positivo entre o público que a produção venceu como Melhor Filme pelo Público no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2024. No entanto, isso não foi suficiente para que o longa fosse lançado nos cinemas mundiais quase um ano depois da conquista.
A história mostra Charles "Chuck" Krantz (Tom Hiddleston) em três períodos diferentes de sua vida, começando por sua morte e indo até a infância, e como sua presença influencia diversas vidas à sua volta.
Continua depois da publicidade
O roteiro, escrito pelo próprio Flanagan, sabe que está lidando com uma trama com fortes pegadas filosóficas e apresenta um cenário apocalíptico sob outra perspectiva.
Se, por um lado, outras produções mostram a mesma situação em takes repletos de efeitos visuais, gritaria e destruição, aqui temos o foco única e exclusivamente na rotina das pessoas que, aos poucos, começam a processar o que está acontecendo.
Para isso, são inseridos os personagens Gus (Matthew Lillard) e Sam (Carl Lumbly), cujos diálogos com Marty (Chiwetel Ejiofor) estão entre os melhores momentos da trama.
Continua depois da publicidade
Entretanto, a inserção aleatória de Chuck diante de alguns desses atos pode causar certo estranhamento no espectador, já que Flanagan não explica literalmente o que justifica suas citações constantes. Embora haja a narração em off de Nick Offerman (o eterno Ron Swanson de "Parks and Recreation"), ela serve apenas para verbalizar as emoções vistas em cena ou complementar algo que necessite.
Ainda assim, cabe ao próprio espectador processar a mensagem por trás de tudo, e essa é a principal graça do longa. Ao mesmo tempo, conforme a trama começa a ganhar forma, alguns personagens vão revelando sua verdadeira face e como se entrelaçam ao protagonista.
Um bom exemplo é a divertida sequência de dança envolvendo Chuck e Janice (Annalise Basso), que, além de ser uma das cenas mais alegóricas e inusitadas do filme, representa perfeitamente o quão inesperada a vida pode ser. Ao mesmo tempo, uma ação breve de cinco minutos pode fazer a diferença.
Continua depois da publicidade
Em contrapartida, vemos como "figurante" um personagem do ato anterior, apenas como simbolismo de que ele também faz parte do universo de Chuck.
"A Vida de Chuck" termina como uma divertida aula de filosofia, mas sem um professor chato repetindo frases de efeito aleatórias que causam sono nos estudantes.
Continua depois da publicidade