Opinião - A Garota Dinamarquesa é pura sensibilidade

O diretor Tom Hooper nos conduz a uma triste história de amor sendo contada através de cenas que parecem pinturas magníficas expostas em uma galeria de arte no filme “A Garota Dinamarquesa”. Cada cena foi composta para parecer um quadro, a posição dos atores, os objetos, a luz. O conjunto cênico é perfeito. Eu vejo uma pintura artística em cada nova cena, à medida que o filme se desenrola.

A linguagem do diretor é genial, o seu olhar artístico, pois trata-se da história real e trágica do casal de pintores dinamarqueses do início do século 20, Einar Wegener e Gerda Wegener. Einar foi um transexual que assumiu a identidade de Lili Elbe. Lili ficou conhecida como a primeira pessoa a ser submetida a uma cirurgia de mudança de sexo.

A direção de arte é uma moldura à trama que se apresenta. O drama é retratado de forma sensível e delicada, mostrando as dores de Einar e Gerda, igualmente, cada um sofrendo ao seu modo diante da descoberta do gênero sexual de Einar.

Einar e Gerda são jovens apaixonados, casados há seis anos, com vida sexual ativa. Um dia, Gerda, na ausência de sua modelo, pede ao marido que vista meia-calça e sapatilhas e pose para uma pintura. Dias depois, propõe que ele se vista como mulher para o Baile dos Artistas, sob a identidade de Lili. Então, ocorre o despertar de Lili e Einar começa a se afastar de sua esposa.

A interpretação de Eddie Redmayne como Einar é brilhante, sua Lili me comove, me aflige e me convence. Sou totalmente conquistada por ela e tenho empatia por seu drama pessoal. Mas, ao mesmo tempo me coloco no lugar de Gerda e choro com ela por seu amor incondicional à Einar, agora Lili, seu sacrifício ao escolher permanecer ao seu lado, mesmo que Einar não “esteja” mais lá, mesmo sob o olhar indiferente de seu marido maquiado e vestido de mulher. Gerda, impotente diante do irreversível, vê Einar sofrendo, não por ela, mas por se sentir uma mulher presa ao corpo de um homem e desejar fortemente sua “libertação”.

Eddie Redmayne é um ator extraordinário e mais uma vez concorre ao Oscar de melhor ator. No ano passado, ele ganhou a estatueta mais importante do cinema mundial por sua excelente atuação como Stephen Hawking, em A Teoria de Tudo.

Alicia Vikander, a atriz sueca que interpreta Gerda, um rosto novo em Hollywood, surpreende e merece sua indicação ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante. É carismática e talentosa. 

Em suma, “A Garota Dinamarquesa” é um primor. O filme concorre ao Oscar em quatro categorias: melhor ator (Eddie Redmayne), melhor atriz coadjuvante (Alicia Vikander), melhor figurino e melhor design de produção (antiga direção de arte).

O filme é baseado no livro “The Danish Girl”, de David Ebershoff e está em cartaz nos cinemas.

Assista, eu recomendo.

Veja o trailer de “A Garota Dinamarquesa”, clique aqui.