Brasil

Policiais matam e morrem mais no Brasil, mostra balanço de 2016

São 4.224 casos, maior número registrado pela entidade, e uma alta de 27% em relação ao ano anterior, que registrou 3.330 casos do tipo

Folhapress

Publicado em 31/10/2017 às 08:30

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Disparou o número de pessoas mortas em decorrência de intervenções policiais no Brasil / Divulgação/Fotos Públicas

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Disparou o número de pessoas mortas em decorrência de intervenções policiais no Brasil, segundo os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta segunda-feira (30). São 4.224 casos, maior número registrado pela entidade, e uma alta de 27% em relação ao ano anterior, que registrou 3.330 casos do tipo.

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As maiores taxas desses crimes foram registradas no Amapá (7,5 casos por 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (5,6 casos por 100 mil habitantes) e Sergipe (4,1). A taxa média do país é de 2 casos a cada 100 mil habitantes.

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O perfil padrão desses mortos é homem, jovem e negro. 99,3% dos mortos em ocorrências policiais são homens, 82% tem entre 12 e 29 anos (17% tem entre 12 e 17 anos) e 76% são negros, segundo levantamento do Fórum.

"Esses dados são graves porque mostram o quanto a juventude está vulnerável à ação da polícia, e a gente sabe que muitos desses casos não são investigados, então não sabemos o quanto desses casos policiais usaram de fato a força legítima, e quantos foram de fato execuções", diz a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno.

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Entre 2009 e 2016, 21.897 foram mortos nessas ocorrências –que não incluem chacinas e outros homicídios, apenas casos em que a morte aconteceu durante ação policial.

"Nós temos jornadas extenuantes, policiais trabalhando sem equipamento obrigatório, com colete vencido, armamento ultrapassado", diz o policial militar e pesquisador do Fórum Elisandro Lotin. "Temos uma sobrecarga de trabalho, desgaste físico e mental dos profissionais hoje nas ruas. Por conta de uma pressão interna e externa. Porque, para a sociedade, bandido bom é bandido morto, e o Estado somatiza isso. Na concepção do policial, ele está fazendo a coisa certa", afirma.

Mortes de policiais

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Também cresceu o número de policiais civis e militares vítimas de homicídio. Foram 437 em 2016, aumento de 17,5% em relação às 372 mortes em 2015.
O perfil: 31% tem entre 30 e 39 anos, 33% tem entre 40 e 49 anos e 21% tem entre 50 e 59 anos. A maior parte é negra (56%). Brancos ocupam 43% dos policiais mortos. O dado considera apenas policiais na ativa.

"Boa parte desses policiais morrem em bicos -na necessidade de complementar a renda-, ou são executados justamente por serem policiais, ou vão reagir a um roubo por estarem armados", afirma Bueno "O que a gente exige dos nossos policiais? Essa ideia que o policial é policial 24h é uma falácia, que só o coloca em estado de mais vulnerabilidade. Ele é policial no serviço. Fora de serviço, ele precisa ter seus direitos respeitados como um cidadão comum."

Cresceu também o número de mortes violentas registradas no Brasil, chegando a 61.619 em 2016, uma média de sete pessoas assassinadas por hora. A taxa de mortes violentas foi de 29,9 assassinatos por 100 mil habitantes. No Nordeste, ainda maior. Os três Estados com maiores taxas são Sergipe (64), Rio Grande do Norte (56,9) e Alagoas (55,9).

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