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Mangueira faz crítica velada a Bolsonaro ao falar de 'messias de arma na mão'

A Portela também trouxe verso que foi interpretado como dirigido a ele

Folhapress

Publicado em 24/02/2020 às 19:00

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A performance incluiu ainda um paredão de som, roupas que remetiam ao hip-hop e passinhos de funk / Júlio César Guimarães/UOL

Com enredo que contava a história de um Jesus de "rosto negro, sangue índio e corpo de mulher", a Mangueira fez em seu samba uma crítica velada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Também a Portela trouxe verso que foi interpretado como dirigido a ele.

"Favela, pega a visão / Não tem futuro sem partilha / Nem messias de arma na mão", dizia a letra da escola verde e rosa. Messias é o nome do meio do presidente, que frequentemente faz símbolo de arma com os dedos.

A comissão de frente da Mangueira chegou impactante, com policiais truculentos revistando e agredindo os dançarinos, muitos deles negros, e até o próprio Cristo, que apareceu em sua forma mais conhecida, de pele branca e cabelos e barba compridos.

A performance incluiu ainda um paredão de som, roupas que remetiam ao hip-hop e passinhos de funk.

Nos carros alegóricos, o Cristo também foi representado como índio em seu nascimento, ao lado de anjinhos brancos, e como morador de rua montado numa mula, com cobertas e pés sujos.

Os tambores traziam a ilustração de um Jesus negro chorando no cenário de uma favela e um helicóptero ao fundo –o frequente uso de aeronaves em operações policiais na gestão Wilson Witzel (PSC) é bastante criticado em comunidades do Rio.

Diferentes alas representaram a intolerância. As baianas remetiam a religiões de matrizes africanas, um grupo lembrando Maria Madalena levava uma placa com o arco-íris LGBTQIA+ dizendo "Vai tacar pedra?" e um terceiro mostrava os componentes crucificados em madeiras com o escrito "bandido morto", em alusão à frase "bandido bom é bandido morto"
Campeã do ano passado, a escola saiu da avenida sob poucos aplausos, bem mais tímidos do que na edição anterior, quando um samba-enredo sobre "a história que a história não conta" contagiou a plateia com referências à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio, e outras figuras negras e indígenas.

O tom crítico à direita e a referência ao "messias de arma na mão" não passaram despercebidos dos políticos de esquerda nas redes sociais. 

Manuela Dávila (PC do B) citou o trecho para comentar: "Negro e jovem, crucificado e cravado de balas, o enredo da Mangueira buscou a reflexão: e se Jesus nascesse hoje?"
"Mangueira, o profeta da intolerância chama-se Jair Messias Bolsonaro", disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

Maria do Rosário (PT-RS) citou o trecho junto a outro do enredo da Portela, que dizia: "Nossa aldeia é sem partido ou facção / Não tem bispo, nem se curva a capitão".

A escola do manto azul e branco encerrou o primeiro dia de desfiles com o enredo "Guajupiá, terra sem males" e uma apresentação considerada deslumbrante e aplaudida pelo público.

Guajupiá era para os índios tupinambás o que Olimpo era para os gregos: um paraíso a ser alcançado. E eles juraram ter encontrado esse lugar nas terras hoje cariocas.

Tudo fluiu na apresentação da escola, que desfilou com o dia já amanhecendo. O uso de uma paleta de cores vibrantes e luminosas, baseadas no tradicional azul da escola, foi muito eficiente para conseguir destacar a apresentação na Sapucaí.

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