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ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES

Liceu Coração de Jesus fecha as portas após 137 anos de tradição

Instalado nas proximidades da cracolândia, o colégio sofre há décadas com a falta de segurança que tem levado à perda de alunos

FOLHAPRESS

Publicado em 17/08/2022 às 15:13

Atualizado em 17/08/2022 às 15:15

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Fundado há 137 anos, o Liceu Coração de Jesus, no Campos Elíseos, região central de São Paulo, anunciou que vai encerrar as atividades. / Divulgação

Fundado há 137 anos, o Liceu Coração de Jesus, no Campos Elíseos, região central de São Paulo, anunciou que vai encerrar as atividades. Instalado nas proximidades da cracolândia, o colégio sofre há décadas com a falta de segurança que tem levado à perda de alunos. 

O fechamento do colégio foi anunciado às famílias no começo de agosto. As atividades escolares serão mantidas até o fim do ano letivo. A partir de 2023, o prédio vai funcionar apenas para as atividades sociais, uma creche conveniada com a Prefeitura de São Paulo e um abrigo para catadores de recicláveis, além da paróquia que funciona no local. 

Um dos mais tradicionais colégios do país, o Liceu Coração de Jesus foi fundado em 1885 com o apoio da princesa Isabel. Na unidade já estudaram, por exemplo, o ator Grande Otelo e o cantor Toquinho. 

O colégio já chegou a ter mais de 3.000 alunos e ofereceu até mesmo cursos de graduação, mas há cerca de 20 anos sofre com a insegurança do local. 

O liceu fica na alameda Dino Bueno, a duas quadras da praça Princesa Isabel, onde a cracolândia se concentrou por anos até ser dispersada por uma ação policial em maio deste ano. Ainda que os usuários não se concentrem mais no local, eles têm peregrinado pela região. 

Hoje, o colégio tem menos de 200 alunos matriculados e só tem turmas de ensino fundamental (do 1º ao 9º ano). Com baixa procura de famílias, a unidade deixou de ofertar turmas de educação infantil e ensino médio há alguns anos. 

Segundo a direção do colégio, o pequeno número de alunos e o alto custo de manutenção do prédio, que ocupa uma área de 17 mil m², tornaram a situação financeiramente inviável. 

"Ficou insustentável continuar com o colégio. Não temos mais procura de famílias porque o entorno dificulta muito. Tentamos de tudo para melhorar a situação, mas não é mais possível", disse o padre Cássio Rodrigo de Oliveira. 

Em reunião com os pais para anunciar o encerramento, a direção do colégio explicou que os alunos podem ser matriculados em outras unidades da Rede Salesiana Brasil de Escolas na cidade: o colégio Santa Terezinha e o Instituto Madre Mazzarello, ambos na zona norte. 

"Sempre existiu a preocupação de corresponder às necessidades de cada momento. Não é sem dor que temos que assumir os momentos difíceis da história. Nos últimos tempos, temos diminuído o número de alunos e de atendimento e é uma situação delicada", disse o diretor do colégio, padre José Adilson Morgado, na reunião com as famílias. 

As famílias lamentaram que a insegurança da região tenha forçado o colégio a encerrar as atividades. Edna Santos, 50, é moradora do bairro e mãe de uma aluna que está há oito anos na unidade. 

"A situação do bairro está muito difícil, cada dia mais inseguro. E é triste perder uma escola desse tamanho e dessa importância para a insegurança", disse a mãe. 

Manoela Garcia, 39, também já teve os dois filhos estudando no liceu e disse estar inconformada com o fechamento da escola. "Era uma extensão da nossa casa, da nossa família. É uma tristeza muito grande que a situação atual tenha levado ao fechamento de um colégio", disse.

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