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Brasil

Empreendedorismo ainda é alternativa de renda para mães

Segundo pesquisa, 75% das empreendedoras mães decidiram ter o próprio negócio depois de terem filhos

Gladys Magalhães

Publicado em 06/03/2022 às 07:11

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Levantamento realizado pela Rede Mulher Empreendedora aponta que 55% das empreendedoras brasileiras são mães / RasselBor

O mundo está mudando a passos largos, mas as mudanças não ocorrem na mesma velocidade quando o assunto é maternidade e mercado de trabalho. Prestes a celebrar mais um Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, as brasileiras seguem enfrentando desafios para continuarem suas carreiras após se tornarem mães.

“A maternidade é um empecilho não só no retorno, mas em toda a trajetória de uma mulher no mercado de trabalho. Mesmo mulheres que não querem ser mães estão sujeitas a perguntas íntimas na entrevista de emprego, pois o simples fato de uma mulher poder engravidar e ter a possibilidade da licença maternidade se torna um problema e é um dos motivadores para a diferença salarial entre os gêneros e a baixa representação das mulheres em cargos de liderança”, ressalta Renata Lino, CEO da MommyTech, uma startup para mães que tem como propósito qualificar e reter para o mercado de trabalho, com destaque para o segmento de tecnologia.

A fala de Renata pode ser traduzida em números. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego entre as mulheres é maior do que entre os homens, ficando em 17% e 12%, respectivamente.

Outra pesquisa, desta vez da Fundação Getúlio Vargas, revela que 50% das mulheres perdem o emprego até dois anos depois de se tornarem mães.

Renata Lino, CEO da MommyTech

Empreendedorismo por necessidade
Em um cenário tão desolador, o empreendedorismo se torna alternativa para as mulheres terem renda após a maternidade. Um levantamento realizado pela Rede Mulher Empreendedora aponta que 55% das empreendedoras brasileiras são mães, sendo que 75% delas decidiram ter o próprio negócio depois de terem filhos.

“As mães empreendem por necessidade, infelizmente. Cerca de 44% dos negócios liderados por mulheres se caracterizam como empreendedorismo por necessidade, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Dada a precariedade dos espaços profissionais e a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, uma grande parcela das mulheres decide diversificar suas formas de sobrevivência, tentando conciliar atividades profissionais autônomas com as obrigações exercidas no espaço privado. Entre os motivos está a flexibilidade, que é  palavra-chave para muitas mulheres. A boa notícia é que elas começam a empreender por necessidade e encontram oportunidades no caminho, fazendo seus negócios crescerem com consistência, gerando empregos e renda para muitas famílias”, observa Alice Sosnowski, expert em empreendedorismo feminino e criadora da metodologia “O Pulo do Gato Empreendedor”, que desenvolve competências para os desafios da nova economia.

Perfil
Ainda conforme a pesquisa da Rede Mulher Empreendedora, 79% das mulheres que possuem o próprio negócio no Brasil tem nível superior ou mais; 44% são chefes de família e 61% são casadas. A idade média ao empreender é de 38,7 anos. Quando observado apenas as mães, Alice explica que áreas como beleza, alimentação e prestação de serviços ainda são as preferidas. “As mulheres ainda empreendem em setores considerados de conforto para elas. Ainda são poucos os negócios liderados por mulheres que estão na área de tecnologia e inovação. Isso tem mudado com o passar dos anos, mas ainda temos um longo caminho a percorrer”, diz.

Dicas
Mesmo empreendendo, nem tudo são flores. Segundo as especialistas, até quando são donas do próprio negócio, há desafios de gênero a serem superados. “As maiores dificuldades são a  discriminação de gênero, preconceitos incorporados no dia a dia, como o que mulher é mais frágil ou não sabe falar de negócios. Além disso, as empreendedoras também são responsáveis pelos trabalhos domésticos e pelo cuidado de crianças e/ou idosos da família. Elas gastam, em média, 10 horas a mais que os homens na chamada Economia do Cuidado. São 21,4 horas por semana, enquanto os homens gastam 11 horas,  de acordo com o IBGE. Isso gera uma carga mental grande, o que dificulta o acesso a oportunidades”, ressalta Alice.

Para quem quer empreender, mesmo com todos os desafios, a especialista destaca a necessidade de estudar e planejar o negócio.  “É fundamental investir em autoconhecimento e ter clareza dos seus valores, propósitos e identidade para saber onde investir. Faça cursos, coach, leia livros, frequente grupos de reflexão, pense nas suas prioridades de vida. O autoconhecimento é o maior patrimônio que você poderá construir na sua trajetória e terá reflexos benéficos em todas as áreas da vida. O próximo passo é conhecer objetivamente o mercado, fazendo pesquisas sobre o mercado que quer atuar e encontrando um problema a ser resolvido. Também é importante fazer um planejamento financeiro, observando quanto será necessário para começar o negócio,  quais serão as despesas operacionais, capital de giro, pró-labore e salário de funcionários.”

Para finalizar, Renata completa:“ Empreender não é fácil, não é um caminho que vai te garantir uma autonomia financeira rápida, mas ao conseguir você terá a capacidade de acolher outras mães com empatia, criando uma rede de empresas com sororidade para as futuras mães.”

 

Uma forcinha
As mulheres que desejam empreende encontram diversos cursos e ferramentas para tornar essa jornada menos árdua. A MommyTech, por exemplo, oferece desde psicoterapia perinatal, para garantir saúde mental e desenvolvimento da plasticidade neural encontrada em mães pós parto, cursos para aumentar a empregabilidade e headhunter. Já o Pulo do Gato Empreendedor desenvolve habilidades e soft skills que apoiam os empreendedores em suas conquistas e superações.

Os cursos também são alternativas para  iniciar no empreendedorismo. Em Santos, por exemplo, quatro vilas criativas realizarão oficinas especiais para despertar o empreendedorismo feminino, entre os dias 14 e 16 de março.

As oficinas serão realizadas na Vila Criativa Morro da Penha, na Vila Criativa Zona Noroeste, na Vila Criativa da Vila Progresso  e na Vila Criativa Caruara. As inscrições podem ser feitas em: https://url.gratis/R9o4oU

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