X

Brasil

Advogado ratifica a decisão de Gilmar Mendes

MP de Bolsonaro que suspendia editais é inconstitucional.

Carlos Ratton

Publicado em 28/10/2019 às 07:02

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Busch reforça a necessidade de transparência do Poder Público. / DIVULGAÇÃO

A decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a medida provisória (MP) 896/19, do presidente Jair Bolsonaro, é correta e garante o cumprimento do artigo 37 da Constituição Federal, que sustenta os princípios basilares da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (LIMPE). A opinião é do advogado e especialista Eduardo Vieira Busch.

A MP dispensava a publicação de editais de licitação, tomadas de preços, concursos e leilões de órgãos da administração pública em jornais diários de grande circulação.

Com a medida, o governo havia passado a exigir a publicação somente em diário oficial ou site do órgão. Por conta da decisão de Mendes, a MP fica suspensa até que o Congresso Nacional vote o texto da medida ou até que o Supremo julgue definitivamente a questão.

"Essa MP não encontra sustentação constitucional. Ela tem 90 dias para ser aprovada pelo Congresso e se tornar lei. Se isso ocorrer, tranquilamente sofrerá uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pelo Ministério Público Federal (MPF) e órgãos legitimados, devido ao absurdo da medida, que nada mais é do que uma tentativa inócua de dificultar a transparência e a fiscalização", explica Busch.

FÁCIL ACESSO

Segundo o advogado, editais, licitações, balanços e diversas outras publicações precisam ser amplamente divulgados para que qualquer cidadão possa ter acesso e fiscalizar os poderes públicos.

"Como não dar publicidade a esses atos? Essas informações precisam estar à disposição da população por intermédio do maior número de veículos de comunicação possível. Publicar online ou só no diário oficial ainda não atinge todos os brasileiros, pois a tecnologia ainda não alcançou, infelizmente, todos os cantos do Brasil. Os mais humildes ainda não possuem um celular com internet avançada", opina.

LIMPE

Eduardo Busch adverte que os gestores públicos que não cumprem a Constituição podem sofrer ações na Justiça e até perder a função. "É preciso cumprir a LIMPE. A quem interessa não dar publicidade aos seus atos? Somente àqueles que não desejam ser fiscalizados", conclui.

AÇÃO

A ação que levou Gilmar Mendes a sua decisão foi apresentada em 13 de setembro pelo partido Rede Sustentabilidade. Segundo a legenda, a MP visava "desestabilizar uma imprensa livre e impedir a manutenção de critérios basilares de transparência e ampla participação no âmbito das licitações".

De acordo com o texto da ação, Bolsonaro dirigiu ataques a grupos de comunicação "demonstrando seu descontentamento com a imprensa" e afirmou que não havia relevância e urgência que justificasse a publicação da MP porque o tema já estava em discussão em projetos de lei. E afirmou que a MP viola o direito à informação, à transparência e à ampla concorrência nas licitações.

Para a Rede, houve desvio de finalidade na MP, o que, segundo o partido, configura abuso de poder, por se tratar de um "ato de retaliação" do presidente da República contra a liberdade de imprensa.

AGU

No fim de setembro, o ministro chegou a decidir que levaria a questão diretamente ao plenário do Supremo após receber informações detalhadas da Presidência da República, da Advocacia Geral da União (AGU) e da Procuradoria Geral da República (PGR).

Mas, no começo de outubro, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) reiterou o pedido de suspensão da medida provisória.

A entidade que representa os jornais de todo o país argumentou que a desobrigação da publicação dos editais afetou o segmento de veículos de comunicação impressos, com o fechamento de pequenos jornais no interior do País.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

Baixada Santista confirma sétima morte por dengue

A vítima é uma mulher de 49 anos, que morreu no último dia 3

Santos

Pacientes com câncer estão tendo cirurgias suspensas em Santos

Denúncia foi feita pela vereadora Audrey Kleys (Novo) durante a 22ª Sessão Ordinária da Câmara de Santos nesta terça-feira (23)

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter