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Bertioga

Motoristas fazem cortejo de colega morto em acidente na Mogi-Bertioga

Cerca de 70 pessoas acompanhavam o velório por volta das 9h desta sexta-feira (10), quando o serviço funerário chegou para realizar o traslado do corpo

Folhapress

Publicado em 10/06/2016 às 12:00

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Parentes e amigos durante velório das vítimas do acidente com o ônibus na rodovia Mogi-Dutra / Danilo Verpa/Folhapress

O velório do motorista Antonio Carlos da Silva, realizado no Cemitério Municipal de Caraguatatuba (a 173 km de São Paulo), foi marcado pela comoção de familiares e contou com a presença em massa de colegas de profissão da empresa em que trabalhava, que foram se despedir.

Cerca de 70 pessoas acompanhavam o velório por volta das 9h desta sexta-feira (10), quando o serviço funerário chegou para realizar o traslado do corpo de Silva para a cidade de São Luiz do Paraitinga (a 182 km de São Paulo). O caixão estava lacrado devido as condições do corpo.

Um cortejo seguirá por Ubatuba até a cidade do interior paulista, onde o motorista nasceu e familiares aguardam para fazer a última homenagem. Silva dirigia o o ônibus que se envolveu em acidente e resultou na morte de mais 17 pessoas na rodovia Mogi-Bertioga, que liga a Grande São Paulo ao litoral, passando pela serra do Mar.

"Nunca imaginei que não o veria mais. Ele era um amigo, um irmão. Vai ser difícil chegar e sair da empresa todos os dias sem pensar nessa tragédia", disse emocionado o motorista Elzio Neves, 29. Ele, que também leva estudantes diariamente de São Sebastião para universidades de outras cidades, afirmou que no dia do acidente saiu em comboio com Antonio Carlos.

"Ele estava como de costume, muito bem-humorado e brincalhão. A gente conversou e cada um seguiu para seu ônibus. O tempo estava bom e seguimos bem tranquilos. Fui seguindo ele até o bairro Boiçucanga, quando entrei para buscar outros alunos e ele seguiu viagem. Não acreditei quando tive a notícia do acidente", explicou.

Neves conta que Silva era um profissional apaixonado pelo que fazia e muito cauteloso. Segundo contou, o motorista ainda era muito curioso e gostava de mecânica. "Ele passava muito tempo mexendo no carro dele, consertando. Entendia bastante do assunto. Quando precisava de algo nesse sentido eu já falava 'prefeito, me ajuda com isso', e prontamente ele dava uma força". Neves explicou que algumas pessoas o chamavam de prefeito por ser homônimo do prefeito de Caraguatatuba, cidade onde vivia.

A cunhada Edilaine Silva dos Santos também lamentou o ocorrido e disse que a família está indignada com algumas pessoas que tentam culpá-lo pelo acidente. "Ele era um profissional dedicado e muito responsável. Ser motorista era um sonho, que ele adquiriu com o pai. Ele não colocaria a vida de tantas pessoas em risco", afirmou.

Segundo Edilaine, Silva estava reformando a casa e planejava se casar no fim deste ano. De outro relacionamento, ele deixou uma filha de 13 e um filho de 10.

EMPRESA UNIÃO DO LITORAL

Presente no velório, Luiz Carlos Soares, dono da empresa União do Litoral, lamentou a fatalidade. Segundo ele, o motorista era um funcionário exemplar e nunca recebeu qualquer reclamação sobre ele. "Eu sempre digo que aqueles que fazem as viagens todos os dias para estudar em outras cidades, principalmente Mogi que é o trecho mais distante, quando se formarem, se espremerem o diploma vai cair gotas de sangue, pois é um sacrifício muito grande", comentou.

Conforme explicou, a empresa completa 25 anos neste mês, sem registro de nenhum acidente com vítima fatal. Ele até programava uma festa de comemoração, cancelada diante da tragédia. Além dos veículos fretados por São Sebastião, ainda há o mesmo serviço em Caraguatatuba. Segundo ele, diariamente 23 ônibus levam estudantes do litoral para estudarem em universidades de outros municípios.

Soares afirmou que confia na perícia, mas que tem convicção de que o ônibus acidentado estava em perfeitas condições. "Se houve excesso de velocidade, o tacógrafo poderá dizer. Mas em relação as condições gerais, o veículo estava com tudo em dia". Ele ainda disse que a família do motorista está recebendo todo o apoio e que também colocou um advogado à disposição, para tratar das questões trabalhistas, para não deixar os familiares desamparados.

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