Bertioga

Cacique do litoral de SP alerta: queimadas podem afetar medicamentos

Para o cacique Adolfo Timóteo Wera Mirim, da aldeia Rio Silveira, a ganância é o principal motivo das queimadas no País

Carlos Ratton

Publicado em 18/09/2024 às 06:15

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Segundo o cacique, se as queimadas continuarem, haverá falta de água, alimento e até medicamentos / Carlos Ratton/DL

O cacique Adolfo Timóteo Wera Mirim, da aldeia Rio Silveira, de etnia Guarani, localizada em Boracéia, entre os municípios de Bertioga e São Sebastião, segue a opinião da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, alertando que a ganância é o principal motivo das queimadas que estão surgindo no Brasil. 

“O homem branco insiste em destruir a floresta, a natureza, por causa do dinheiro. A Nação Guarani sempre esteve e está na luta para manter a floresta de pé, porque graças a ela temos água potável, clima estável, ar ainda em boas condições, garantindo a sobrevivência de todos os seres vivos. Precisamos preservar a natureza para garantir a nossa sobrevivência. Se as queimadas continuarem, não teremos mais água, alimento e até medicamentos, pois a maioria vem da floresta. Queremos a floresta viva”, alerta. 

Ministra

Marina Silva afirma que o Brasil vive um terrorismo climático, com pessoas usando as altas temperaturas e a baixa umidade para atear fogo ao país, prejudicando a saúde das pessoas, a biodiversidade e destruindo as florestas. “Há uma proibição em todo o território nacional do uso do fogo, mas existem aqueles que estão fazendo um verdadeiro terrorismo climático”, afirmou em entrevista a veículos de comunicação.

Ela ressaltou que é fundamental que todos os agentes públicos que já estão mobilizados continuem agindo, porque há uma intenção por trás dessas ações. “Não é possível que diante de uma das maiores secas de toda a história do nosso continente e do país, e com a proibição existente, que as pessoas continuem colocando fogo. Isso causa grande mal à saúde pública, ao meio ambiente, aos nossos sistemas produtivos e só agrava o problema da mudança do clima. Quando você tem uma situação em que sabe que colocar fogo é como se estivesse acionando um barril ou um paiol de pólvora, isso é uma intenção criminosa”, disse.

Cobrança

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso, punição para responsáveis pelas queimadas no país.Barroso, inclusive, se pronunciou sobre o assunto durante a abertura da reunião do Observatório do Meio Ambiente e de

Mudanças Climáticas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e enfatizou a necessidade de um compromisso sério do Judiciário no enfrentamento das queimadas ilegais no Brasil. “Faço um apelo ao Poder Judiciário, aos juízes brasileiros, que tratem esse crime com a seriedade que ele merece ser tratado”, afirmou.

Barroso ressaltou que as queimadas na Amazônia e no Pantanal são resultados da ação humana, citando tanto a queima intencional da vegetação quanto a queima de resíduos, que pode levar à propagação de incêndios.

Índices 

Nos últimos dois dias, o Brasil concentrou 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul. De acordo com dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 7.322 focos de incêndio nas últimas 48 horas até a sexta-feira (13). As informações são da Agência Brasil. 

Na sequência, aparecem Bolívia com 1.137 focos (11,2%), Peru com 842 (8,3%), Argentina com 433 (4,3%) e Paraguai com 271 (2,7%) focos de queimadas nas últimas 48 horas.

Considerando o acumulado do ano, até a data de ontem, o Brasil registrou 180.137 focos em 2024, 50,6% dos incêndios da América do Sul. O número é 108% maior em relação ao mesmo período de 2023, quando foram anotados 86.256 focos entre janeiro e 13 de setembro.

Entre os estados brasileiros, Mato Grosso lidera o ranking, com 1.379 registros nas últimas 48 horas, seguido por Amazonas, com 1.205, Pará, com 1.001, e Acre, com 513 focos. O município com o maior número de queimadas no período é Cáceres (MT), que teve 237 focos nas últimas 48 horas. Novo Aripuanã (AM) e São Félix do Xingu (PA) vêm logo atrás com 204 e 187 focos de incêndio, respectivamente.

A Amazônia foi a região mais afetada, concentrando 49% das áreas atingidas pelo fogo nas últimas 48 horas. Na sequência, aparecem o Cerrado (30,5%), a Mata Atlântica (13,2%), o Pantanal (5,4%) e a Caatinga (1,9%).

A hipótese de ação humana em parte das queimadas que assolam o país também já foi levantada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que determinou medidas para o enfrentamento aos incêndios na Amazônia e no Pantanal.

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