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Transparência à vista: informações que geram valor, stakeholders em foco (Parte 2)

Uma das justificativas centrais para esse potencial é a atuação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade

Claudio Bastos e Luciana Furtado, setor de governança da Autoridade Portuária de Santos

Publicado em 26/08/2025 às 08:00

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Maturidade crescente da governança no Porto de Santos abre espaço para um novo salto qualitativo na cultura do relato / Divulgação/Porto de Santos

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O potencial do Brasil para integração das informações financeiras e não financeiras nos relatórios se destaca pelo seu contexto social plural e pelas demandas de um ambiente institucional diversificado. Uma das justificativas centrais para esse potencial é a atuação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), responsável por incorporar ao país as normas internacionais IFRS S1 e S2 que, no Brasil, passam a ser denominadas CBPS 01 e CBPS 02.

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O país foi o primeiro no mundo a adotar oficialmente essas normas como base para a regulação local, graças a iniciativas conjuntas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e CBPS, que abriram audiências públicas, engajaram múltiplos stakeholders e estabeleceram marcos normativos para adoção voluntária desses padrões.

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O avanço dos frameworks impulsionou progresso notável em cultura de relato,  inclusive entre operadores portuários e terminais, que passam a publicar relatórios anuais, integrar aspectos ESG a seus modelos de gestão e buscar certificações externas e asseguração independente. Nos últimos anos, verificou-se crescimento expressivo do número de agentes portuários do Porto de Santos adotando relatórios integrados ou de sustentabilidade, participando de premiações, benchmarking e projetos colaborativos, apoiados pela dinâmica da comunidade e pelo ambiente regulatório internacional em evolução.

Parte desse avanço também se deve à disseminação de boas práticas, ao compartilhamento de experiências e à promoção de capacitação em metodologia de avaliação de dupla materialidade. O desafio, contudo, persiste no engajamento efetivo de stakeholders durante o processo: mobilizar diferentes elos da cadeia, garantir representatividade e qualidade dos dados, definir prioridades comuns e traduzir essas etapas em relatórios significativos exige maturidade coletiva e processos participativos estruturados.

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A maturidade crescente da governança no Porto de Santos abre espaço para um novo salto qualitativo na cultura do relato: ultrapassar o reporte individualizado e evoluir para um relato de “escopo coletivo”, capaz de capturar toda a riqueza, desafios e conquistas da comunidade portuária como um conjunto.

O Manifesto ESG do Porto de Santos, desde sua gênese, já se posiciona como instrumento facilitador dessa ambição. Por reunir de forma inédita a Autoridade Portuária, terminais, empresas privadas, prefeituras, sociedade civil e academia sob um hub de pactuação colaborativa, ao oferecer um ambiente estruturado para levantamento conjunto de materialidade.

Ao avançar para essa cultura de relato de “escopo coletivo”, o Porto de Santos reforça que a sustentabilidade e a transparência não podem ser responsabilidade exclusiva das grandes organizações. A necessidade de divulgação detalhada da cadeia de valor, imposta a empresas de maior porte pelas novas regulamentações e pelos compromissos internacionais, faz com que pequenas empresas e companhias de capital fechado, ainda que não estejam sob exigência regulatória direta, precisam alinhar suas práticas e, caso seja aplicável, desenvolver relatórios integrados, considerando suas realidades. 

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Isso porque a ausência de transparência nas informações de sustentabilidade por parte desses parceiros, pode haver riscos reais à conformidade e à reputação das grandes empresas, comprometendo o atendimento às exigências de clientes internacionais, reguladores e investidores.

Ao consolidar a cultura de reporte integrado e de escopo coletivo via o Manifesto ESG, o Porto de Santos sinaliza uma transformação paradigmática: de relatos fragmentados para uma visão comunitária, capaz de traduzir desafios, conquistas e impactos socioeconômicos da comunidade portuária de forma coesa e estratégica. Esse esforço eleva o Porto de Santos ao protagonismo global, inspirando outros complexos logísticos a adotar o reporte coletivo como suporte para transparência radical, inovação contínua e desenvolvimento sustentável compartilhado.

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