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Transparência à vista: informações que geram valor, stakeholders em foco (Parte 1)

O movimento, iniciado pelo Global Reporting Initiative (GRI) nos anos 1990, estabeleceu padrões para a divulgação de informações ambientais

Claudio Bastos e Luciana Furtado, setor de governança da Autoridade Portuária de Santos

Publicado em 19/08/2025 às 07:00

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Com o tempo, novas exigências e focos setoriais levaram ao desenvolvimento de frameworks específicos, como o Sustainability Accounting Standards Board / Akil Mazumder/Pexels

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A adoção da metodologia de relato integrado por organizações modernas, inclusive no setor portuário, marca uma transição significativa na forma como empresas comunicam não apenas desempenho financeiro, mas também impactos socioambientais e de governança. Muito além de um instrumento de divulgação, o relatório integrado, resultante desse processo, representa uma poderosa ferramenta de prestação de contas e transparência, fundamental para fortalecer a confiança de stakeholders e consolidar a reputação institucional.

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Os relatórios integrados transformam informações dispersas em uma visão compreensiva do modelo de negócios, suas estratégias, riscos, oportunidades e as formas pelas quais a organização cria valor de maneira sustentável. Esse tipo de reporte permite que investidores, clientes, comunidades e reguladores avaliem de forma crítica não só os resultados empresariais, mas o compromisso real da organização com responsabilidade social, ética e desenvolvimento de longo prazo.

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O movimento, iniciado pelo Global Reporting Initiative (GRI) nos anos 1990, estabeleceu padrões para a divulgação de informações ambientais, sociais e de governança (ESG), promovendo transparência, comparabilidade e credibilidade nos relatórios das organizações. O GRI serviu como base para a formação de uma cultura de reporte estruturado, voltada para a materialidade dos temas reportados e para o engajamento multistakeholder, destacando como a organização impacta o mundo ao seu redor.

Com o tempo, novas exigências e focos setoriais levaram ao desenvolvimento de frameworks específicos, como o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), referência para informações ESG materialmente relevantes para investidores, com métricas comparáveis por setor econômico. O SASB, agora integrado à International Sustainability Standards Board (ISSB), contribui para padronizar relatórios em setores como o portuário, onde riscos e oportunidades de sustentabilidade são cada vez mais centrais para o negócio.

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Na esteira dos avanços europeus, os recentes European Sustainability Reporting Standards (ESRS), lançados sob a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), elevaram a régua do reporte: desde 2024, empresas de grande porte na União Europeia (e cadeias globais impactadas pelo bloco) devem atender critérios ainda mais rigorosos, abordando questões como dupla materialidade (impacto social/ambiental e financeiro) e fornecendo informações detalhadas, auditáveis e estruturadas.

O chamado “efeito Bruxelas” se faz sentir em cadeias internacionais como a do Porto de Santos, que já vê seus principais terminais e operadoras acelerando a adoção de tais práticas para atender clientes e requisitos logísticos internacionais.

Em nível global, o ISSB publicou os padrões IFRS S1 e S2, que agora são referência para relatórios obrigatórios de sustentabilidade e riscos climáticos para empresas listadas em bolsas de valores, incluindo o mercado brasileiro, que já prepara suas companhias para a adoção dessas normas.

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O IFRS S1 trata de divulgação de sustentabilidade amplos; o S2, foca no reporte climático, ambos fortalecendo a governança e reduzindo assimetrias informacionais entre empresas e investidores.

Outro pilar fundamental é a asseguração independente da informação reportada, seja na modalidade limitada (checagem de plausibilidade e conformidade com o framework) ou razoável (análise aprofundada e validação de controles). A asseguração é o antídoto mais eficiente contra greenwashing e transforma resultados intangíveis em evidências socioeconômicas consistentes, reforçando a confiança dos stakeholders.

Portanto, a adoção do relato integrado representa um avanço crucial para organizações que buscam alinhar transparência, responsabilidade e geração de valor para seus stakeholders. As práticas consolidadas ao longo dos anos sobre reporte e transparência pavimentaram o caminho para que novas metodologias e padrões globais ampliem ainda mais a confiança e a qualidade da informação divulgada.

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