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Estudo seguiu diretrizes metodológicas internacionais e envolveu a consulta a bases de dados e repositórios especializados
Mapeamento resultante identificou 19 estudos de caso desenvolvidos em mais de 30 países, trazendo à luz práticas já aplicadas / Divulgação/Porto de Santos
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Os portos marítimos movimentam grande parte da economia global. No entanto, eles não são apenas pontos de entrada e saída de mercadorias: também podem se tornar aliados estratégicos na construção de um futuro mais sustentável, ao reduzir impactos ambientais, melhorar a qualidade de vida das comunidades vizinhas e gerar novas oportunidades de trabalho.
Com esse objetivo, pesquisadores do Mestrado Profissional em Saúde e Meio Ambiente da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) realizaram um amplo levantamento científico para compreender como os portos ao redor do mundo têm contribuído para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
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O estudo seguiu diretrizes metodológicas internacionais e envolveu a consulta a bases de dados e repositórios especializados, além da análise de outras fontes relevantes. Esse tipo de investigação, conhecido como “revisão de escopo”, funciona como uma fotografia atualizada da produção científica sobre o tema.
O mapeamento resultante identificou 19 estudos de caso desenvolvidos em mais de 30 países, trazendo à luz práticas já aplicadas, obstáculos encontrados e caminhos possíveis para alinhar a operação dos portos às metas dos 17 ODS. As iniciativas identificadas mostraram maior conexão com seis objetivos específicos:
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• ODS 7 (Energia limpa e acessível): com a adoção de fontes renováveis de energia e combustíveis alternativos;
• ODS 9 (Indústria, inovação e infraestrutura): por meio da modernização da infraestrutura portuária e da digitalização de processos, incluindo o uso de tecnologias como 5G e inteligência artificial;
• ODS 12 (Consumo e produção responsáveis): pela implantação de sistemas de reciclagem e reuso de água;
• ODS 13 (Ação contra a mudança climática): com a eletrificação de terminais e incentivo à transição energética;
• ODS 14 (Vida na água): pela adoção de medidas de proteção da biodiversidade marinha e controle da poluição;
• ODS 17 (Parcerias para os objetivos): por meio do fortalecimento da cooperação entre governos, empresas privadas e comunidades locais.
Foram destacadas também as principais barreiras à implementação dessas medidas: a limitação de recursos financeiros, a existência de infraestrutura obsoleta, a resistência organizacional às mudanças e a ausência de marcos regulatórios consistentes. Outro obstáculo frequente foi a falta de conscientização e treinamento de trabalhadores portuários e comunidades vizinhas, o que reduz o engajamento com as práticas sustentáveis.
Apesar desses desafios, estratégias promissoras foram registradas. A digitalização e a automação foram apontadas como transformações capazes de elevar a eficiência logística e reduzir impactos ambientais. Além disso, algumas experiências destacaram a necessidade de criar indicadores de monitoramento para avaliar de forma sistemática os efeitos sociais, econômicos e ambientais do desenvolvimento portuário.
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Com base nesses achados, concluiu-se que os portos marítimos podem assumir um papel de liderança na concretização da Agenda 2030. Para tanto, será fundamental ampliar os investimentos em inovação tecnológica, fortalecer a regulação pública e, sobretudo, promover o engajamento ativo de trabalhadores e comunidades que vivem e dependem da atividade portuária. Afinal, a construção de portos sustentáveis depende tanto de máquinas modernas quanto das pessoas que os fazem funcionar no dia a dia.
Ana Luiza Cabrera Martimbianco e Geruza Capovilla Mendes
Docentes do Mestrado Profissional em Saúde e Meio Ambiente em Regiões Portuárias e Cidades Litorâneas – Unimes
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