O Porto de Santos concentra quase 30% da corrente comercial brasileira e opera com 2,8 milhões de TEUs apenas no primeiro semestre de 2025 / Divulgação
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A descarbonização do setor portuário deixou de ser uma promessa: hoje é uma urgência. No cenário global, levantamentos mostram que a navegação responde por cerca de 3% das emissões de gases de efeito estufa, e os portos representam parte significativa dessa conta. As projeções da ONU indicam que, sem ação, as emissões podem ultrapassar 130% dos níveis de 2008 até 2050.
Em paralelo, muitos portos europeus e norte-americanos já investem em infraestrutura de energia limpa para reduzir a poluição local e cumprir regulamentações ambientais - como é o caso de Lisboa, Barcelona, e o programa Clean Air do Porto de Los Angeles, que planeja atingir zero emissões de gases de efeito estufa no uso de equipamentos até 2035.
O Porto de Santos concentra quase 30% da corrente comercial brasileira e opera com 2,8 milhões de TEUs apenas no primeiro semestre de 2025, repetindo o seu papel de motor logístico nacional. Então, se pensar em descarbonizar o Brasil, começamos com olhar atento por aqui.
O País já liderou um ranking internacional para financiamento de projetos de descarbonização industrial, apoiado pela Política Nacional de Transição Energética e inserido no programa CIF — sinal claro de que há espaço para financiar a transformação energética com escala.
Além disso, um estudo do Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT) identificou Santos entre os seis portos brasileiros com maior potencial para operar como hubs para abastecimento de combustíveis renováveis, como hidrogênio verde, amônia ou metanol - dado impulsionado pela oferta solar e eólica do Brasil e pela localização estratégica dos portos.
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Esses combustíveis têm o potencial de alimentar novos corredores de comércio marítimo sustentável, incluindo rotas com navios zero emissões.
Esses dados mostram que o debate sobre transição energética portuária não é abstrato. No âmbito privado, a Marimex assume, há anos, compromissos práticos nesse sentido: a empresa é signatária do Pacto Global da ONU e recebeu o Selo Prata do Programa Brasileiro GHG Protocol, pela medição e redução sistemática de emissões. Essas ações comprovam que é possível avançar com responsabilidade e foco a partir de gestão estratégica.
O momento exige que o conjunto do setor portuário entenda que sustentabilidade não é custo, é vantagem competitiva. Energia limpa precisa ser prioridade para infraestrutura, transporte urbano, modernização e operações internas. Se quisermos fazer de Santos uma referência em logística de baixo carbono - e não temos outra escolha, vamos precisar construir isso com dados, políticas, investimento e governança colaborativa.