EDITORIAL
Desde 2011, Ratton foi muito mais do que um repórter. Foi uma presença inquieta, apaixonada pela apuração e movida por um olhar crítico que nunca se contentou com o óbvio
Carlos Ratton deixa o Diário após 14 anos de dedicação e inúmeras reportagens / Arquivo/Diário do Litoral
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Há despedidas que não cabem em palavras. A saída de Carlos Ratton, depois de 14 anos de dedicação ao Diário do Litoral, é uma dessas. Hoje, mais do que escrever uma homenagem, queremos registrar a gratidão de todos nós por termos convivido com um profissional que ajudou a moldar a identidade do jornal e da própria imprensa regional.
Desde 2011, Ratton foi muito mais do que um repórter. Foi uma presença inquieta, apaixonada pela apuração e movida por um olhar crítico que nunca se contentou com o óbvio. Sua trajetória no Diário é também a história de um jornalismo feito com coragem, independência e, acima de tudo, compromisso com a sociedade.
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Não é simples construir uma carreira sólida longe das grandes capitais, mas Ratton mostrou que isso não apenas é possível, como pode ser grandioso. Em 2012, quando se tornou finalista do Prêmio Esso de Jornalismo com a série Endinheirados, provou que a Baixada Santista também pode ecoar nacionalmente através da força da reportagem. Foi um marco não só para ele, mas para todos que acreditam na relevância do jornalismo regional.
Mas Ratton nunca foi só o jornalista. Foi também escritor, com o livro O Pescador de Notícias, que trouxe ao papel histórias e bastidores de uma vida de investigação. Foi roteirista e relações públicas, levando seu talento para o cinema, com curtas finalistas no Festival Curta Santos e o lançamento dos filmes Colchão de Pedra, Nossa Louca Resistência e Grito Caiçara. Essa pluralidade é reflexo de alguém que respira narrativas em todas as suas formas.
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Ao longo dos anos, conquistou fontes, fez amigos e também colecionou desafetos no meio político — algo que ele sempre encarou com humor, sabendo que “são ossos do ofício”. O que nunca mudou foi sua paixão pela reportagem e sua coragem em dar voz a temas que muitos preferiam silenciar.
Ratton, mais do que se despedir de um colega, o Diário do Litoral se despede de um pilar, de alguém que elevou a régua e inspirou gerações de jornalistas. Sua marca está impressa em cada linha publicada, em cada denúncia revelada e em cada história contada com a seriedade e o coração de quem entende a grandeza desse ofício.
Seguiremos certos de que o legado que você deixa será inspiração permanente. E que, em breve, nossas histórias voltarão a ser contadas juntas. Até lá, sabemos que você continuará sendo o que sempre foi: um repórter apaixonado por contar histórias e um ser humano incansável na busca pela verdade e pela justiça.
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Com respeito, admiração e carinho,
Diário do Litoral