Nilton C. Tristão, cientista político / DIVULGAÇÃO
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Nunca antes na história de São Paulo um governador esteve durante tanto tempo na chefia do poder executivo estadual. Possivelmente Geraldo Alckmin corresponda à síntese dos sete mandatos consecutivos, dos quais o PSDB transformou-se em força hegemônica na terra dos Bandeirantes.
Mas às vésperas das contendas eleitorais de 2022, ocasião na qual os paulistas irão às urnas para decidir quem será o próximo ocupante da antiga residência da família Matarazzo, Alckmin estará no limiar de tornar-se alijado, por sua própria agremiação, da condição de pleitear mais uma vez a cadeira responsável por consagrá-lo como liderança nacional.
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Tal circunstância decorre da práxis Doriana, desprovida de conexões históricas com o tucanato tradicional e retroalimentada mediante práticas assimétricas direcionadas à renovação de seus quadros dirigentes, os quais se apressaram em negar Alckmin três vezes e alçar o vice-governador Rodrigo Garcia ao templo dos novos ungidos.
Contudo, o arguto anestesiologista e acupunturista, talhado pela sapiência matreira típica do pindamonhangabense, acostumado com a benevolência da casualidade temporal, mantém-se como o postulante de maior relevância e robustez desse campo político. Pois, com a capacidade de atrair Márcio França a seu espaço gravitacional, Alckmin assumiria o antagonista direto com Fernando Haddad - o provável candidato pelo Partido dos Trabalhadores - e ainda deteria o estofo para fragmentar os apoios de agentes capitaneados pelo trator estatal, relegando Garcia ao isolamento digno dos verdadeiros movimentos de cristianização.
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No levantamento realizado pela empresa Opinião Pesquisa & GovNet em parceria com os jornais Diário do Litoral e Gazeta de São Paulo, foi constatado que fração dos eleitores circunscritos à esfera conservadora demonstram enorme resistência às figuras de João Doria e Jair Bolsonaro, nos levando acreditar que a junção "BolsoDoria" esgotou-se enquanto representação perfeita aos segmentos liberais e direita pensante.
Igualmente, averiguamos que aproximadamente 80% dos entrevistados gostariam de sufragar seus votos em símbolos identificados com a mudança em relação ao atual governo estadual. Portanto, pela primeira vez desde a vitória de Mário Covas em São Paulo, poderemos contemplar o escolhido pela máquina disputando em situação de não favoritismo.
Apesar de inexistir nesse instante o anseio popular pelo retorno de Geraldo Alckmin ao comando da locomotiva econômica brasileira, sua entrada no jogo sucessório através de outra insígnia partidária corresponderá ao fato de maior relevância no processo eleitoral porvindouro.
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Além disso, o Governador João Doria, mesmo tendo assumido o papel direto na imunização de milhões de compatriotas contra o Sars-Cov-2, conquistou para si uma aura de discordância visceral. Todas essas variantes, adicionadas ao resgate do Lulismo e ao desejo incontido pelo surgimento de uma terceira via, colocam o PSDB numa posição incômoda, com a probabilidade real de não ter a sua ida ao segundo turno garantida.
Todavia, estamos diante de um tabuleiro de xadrez onde há pouco as peças foram movidas. Então, aguardemos os lances seguintes.
Nilton Cesar Tristão, Cientista Político
Opinião Pesquisa & GovNet
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