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Modernização do Direito Portuário: um debate que não pode ser adiado

Hoje, ainda convivemos com normas fragmentadas, muitas delas ultrapassadas, que remontam legislação muito antiga.

Caio Marimex

Publicado em 11/09/2025 às 16:29

Atualizado em 11/09/2025 às 16:44

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Caio, da Marimex / DIVULGAÇÃO

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O setor portuário brasileiro vive um momento decisivo. O Congresso Nacional discute o Projeto de Lei 733/2025, a nova Lei dos Portos, ao mesmo tempo em que juristas e especialistas reacendem o debate sobre a modernização do Direito Marítimo e Portuário no Brasil. São movimentos que apontam para uma conclusão inevitável: a legislação atual não responde mais à complexidade e ao dinamismo do setor, e podemos observar isso no dia a dia do Porto de Santos, por exemplo.

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Hoje, ainda convivemos com normas fragmentadas, muitas delas ultrapassadas, que remontam legislação muito antiga. Essa dispersão gera insegurança jurídica, dificulta investimentos e, em muitos casos, leva a disputas intermináveis nos tribunais. Em um setor que movimenta mais de 90% do comércio exterior brasileiro, a previsibilidade não é luxo, é requisito básico para atrair capital, reduzir custos e dar eficiência à logística nacional. Tudo isso movimente a economia de forma natural.

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Olhando para a realidade atual, é possível constatar que não se trata apenas de atualizar dispositivos jurídicos. É preciso repensar também a governança. Um marco legal moderno deve equilibrar os papéis da União, das autoridades portuárias locais e da iniciativa privada, criando regras claras de convivência e limites de atuação. O excesso de centralização em Brasília, tema que já tratei em outro artigo aqui nesse espaço, retarda decisões e fragiliza a competitividade de portos que precisam responder com agilidade às demandas do mercado global.

Segurança jurídica, aqui, não é um conceito abstrato. Ela significa garantir contratos estáveis, regras claras para concessões e arrendamentos, definição objetiva sobre tarifas e serviços, e mecanismos de solução de conflitos mais céleres. O mercado não pode esperar. O custo da insegurança já foi medido: quando as regras mudam a cada disputa ou interpretação, o resultado é menos investimento, maior risco e perda de credibilidade. Muitas vezes, o prejuízo é incalculável. 

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Em recente participação no Congresso de Direito Marítimo e Portuário, em Santos, o ministro Luiz Fux deixou bem clara sua opinião. Ele concorda que há carência de modernização para contratos e soluções em portos brasileiros.

Mais do que a questão jurídica, o debate sobre a modernização também deve dialogar com os grandes temas globais: transição energética, sustentabilidade e integração logística. Não basta criar um código ou uma nova lei que apenas organize o que já existe. É necessário construir um marco que projete o setor portuário para as próximas décadas, em sintonia com padrões internacionais e com a realidade da economia brasileira, 

O desafio é grande, mas a oportunidade também. O Brasil pode transformar esse movimento em uma alavanca para aumentar a eficiência logística, reduzir o chamado custo Brasil e consolidar seus portos entre os mais competitivos do mundo. Para isso, é preciso coragem política, técnica e institucional: coragem de abandonar velhas práticas, coragem de ouvir a sociedade e coragem de garantir estabilidade.

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A modernização do Direito Portuário não é uma pauta corporativa. É uma pauta de Estado. E quanto mais rápido ela avançar, mais cedo veremos os benefícios em forma de novos investimentos, empregos e crescimento econômico sustentável.

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