Caio da Marimex / Divulgação
Continua depois da publicidade
Em 2025, os números do Porto de Santos parecem nos autorizar o otimismo. Recordes sucessivos de movimentação, crescimento consistente ao longo dos últimos anos e um balanço de investimentos que, no papel, redesenha o futuro da infraestrutura portuária brasileira. Temos o maior complexo portuário da América Latina, que já superou 179 milhões de toneladas movimentadas no ano, que pulsa cada vez mais forte como o coração da economia do Brasil, como peça-chave do comércio exterior nacional.
Sem dúvida, os anúncios são expressivos. Um ciclo de investimentos públicos estimado em R$ 12,5 bilhões até 2028, somado a projetos estruturantes como o túnel Santos - Guarujá, o megaterminal STS-10 e a concessão do Porto de São Sebastião, aponta para uma transformação de escala inédita. São obras que prometem ampliar capacidade, reduzir gargalos históricos e preparar o porto para um crescimento ainda maior.
Continua depois da publicidade
Há avanços reais. O planejamento de aprofundamento do canal, a requalificação das perimetrais, a organização do fluxo de caminhões por meio de condomínios logísticos e a perspectiva de novos acessos demonstram uma visão mais sistêmica do porto. Também é inegável que o desempenho operacional recente reflete a capacidade do Porto de Santos de absorver volumes crescentes, mesmo convivendo com limitações estruturais que se arrastam há décadas.
Aproveite e leia também: O desafio de uma infraestrutura robusta e funcional para o Porto de Santos
Continua depois da publicidade
É por isso, caros amigos, que a cautela deve estar lado a lado com o otimismo. Temos memória e muita história. O túnel Santos-Guarujá ficou no papel por quase 100 anos, o leilão do STS-10 foi empurrado para 2026. A infraestrutura ainda demanda inúmeras ações e, algo muito importante, teremos eleições em todo o Brasil no próximo ano.
Mais uma vez, a prudência nos lembra que a celebração deve chegar junto com os resultados reais para o Porto e seu entorno. Que a economia forte precisa refletir na vida de toda a população que respira o porto e não só nos gráficos e relatórios apresentados por quem atua no mercado.
É inegável que que tivemos bons resultados. Mas há um caminho a perseguir, aquele que oferecerá mais soluções, mais entregas e mais equilíbrio entre infraestrutura, logística, as comunidades da Baixada e a sociedade brasileira.
Continua depois da publicidade
O debate ainda precisa amadurecer. O histórico do porto e da cidade de Santos é marcado por promessas que demoraram anos para sair do papel. O crescimento existe, mas a infraestrutura ainda corre atrás dele.
O desafio central não é apenas investir mais, mas investir melhor e com coordenação. Todo agente da cadeia de importação e exportação, operadores portuários, armadores, recintos alfandegados, terminais retroportuários, transportadores e poder público, é essencial para o fluxo de cargas. Nenhum elo pode ser tratado como periférico.
A expansão da poligonal é uma necessidade do mercado, mas precisa ser submetida a regras claras de convivência, como em um verdadeiro condomínio logístico, para garantir eficiência, previsibilidade e segurança.
Continua depois da publicidade
Também é preciso reconhecer que o impacto do porto vai muito além de seus muros. O Porto de Santos influencia a vida de milhões de pessoas, pressiona a malha viária urbana, interfere na mobilidade, na segurança e na qualidade de vida da cidade. Não há como falar em comemoração plena se a relação porto-cidade continuar desequilibrada.
Crescer sem integrar é transferir custos à sociedade. E morosidade, nesse contexto, encarece operações, afasta investimentos e agrava conflitos.
Os dados de 2025 mostram que o Porto de Santos segue forte e em expansão. Isso merece reconhecimento. Mas o verdadeiro teste estará na capacidade de transformar planos, leilões e anúncios em entregas concretas, dentro de prazos factíveis e com participação efetiva dos atores locais. Assim, podemos, sim, celebrar 2025, torcer por um 2026 ainda melhor, e estarmos conscientes que ainda há muito trabalho por vir. Que seja então um feliz ano novo!
Continua depois da publicidade