X

Artigo

Desumanização da Vida do Policial: o caso Sabrina

A imprensa nas manchetes resume sua vida em "Policial militar morre após tentativa de roubo", apagando sua identidade e sonhos

Raquel Gallinati

Publicado em 22/01/2024 às 14:45

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Raquel Gallinati, delegada de Polícia  / Divulgação

Sabrina Franklin, com apenas dois anos de serviço na Polícia Militar, deixa seu marido, também policial, com o sonho de construir uma família. Covardemente, ela foi morta enquanto voltava para casa, em Parelheiros, na zona sul de São Paulo, vítima de uma violência brutal.

A imprensa nas manchetes resume sua vida em "Policial militar morre após tentativa de roubo", apagando sua identidade e sonhos. 

Perceber que Sabrina perdeu sua identidade de “mulher vítima de violência”, com sonhos e uma vida a ser vivida, para uma estatística fria de "policial militar é morta" é revoltante. No momento que Sabrina foi assassinada , estava fora de serviço e vestindo roupas civis, uma pessoa com sentimentos, aspirações e uma família. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O trágico episódio envolvendo Sabrina é profundamente indignante e nos leva a reflexões profundas. Infelizmente, ela se tornou vítima não apenas da violência brutal, mas também da leniência que por vezes beneficia os criminosos. Sua execução covarde evidencia não apenas a fragilidade da segurança pública, mas também uma distorção na narrativa quando se trata de mulheres vítimas de violência.

A sua morte não apenas representa uma perda irreparável para sua família, mas também destaca questões profundas de desumanização que permeiam a realidade dos policiais, especialmente das mulheres, na sociedade.

A desvalorização do policial como ser humano, expressa na frieza com que são tratados, é chocante e inaceitável. A invisibilidade dada a essas mortes sugere uma cegueira social, como se a vida de um policial não fosse valiosa, como se não importasse.

A perturbadora normalização da ideia de que os policiais estão destinados a perder a vida perpetua uma visão desoladora da sociedade. Parece que, para alguns, assinar um contrato vitalício com uma cláusula de morte certa é o destino inquestionável de quem escolhe a carreira policial. Essa normalização, naturalização e banalização da violência contra policiais revelam uma desumanização preocupante na forma como a sociedade encara esses profissionais.

Essa distorção na abordagem não apenas desvaloriza a individualidade e a tragédia pessoal de Sabrina, mas também perpetua uma visão desumana da violência, que, em última análise, afeta todos os policiais. É essencial que questionemos e repensemos a forma como a sociedade e a mídia abordam casos como o de Sabrina, para que as vítimas não sejam reduzidas a meros rótulos e para que a urgência em combater o crime seja verdadeiramente reconhecida e enfrentada, inclusive contra todas as mulheres, incluindo as policiais.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Polícia

Homem é morto em confronto com PMs em Guarujá

Um dos agentes envolvidos alegou que sua câmera corporal estava descarregada no momento dos tiros

Cotidiano

Ônibus colidem com posto de combustível e deixam 13 feridos em Santos; ASSISTA

O acidente ocorreu por volta das 6h30, no cruzamento da Rua Comendador Martins com a Júlio de Mesquita

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter