Artigo
É nesse contexto que surge o conceito de cidades inteligentes, tema central do estudo publicado no volume 6 do livro Sustentabilidade, Meio Ambiente e Responsabilidade SociaL
Cidades inteligentes são aquelas que utilizam Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), como sensores, big data e inteligência artificial, para otimizar os serviços urbanos / Divulgação/PMS
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Em tempos de mudanças climáticas, urbanização acelerada e desafios sociais crescentes, repensar o modo como as cidades funcionam tornou-se urgente. É nesse contexto que surge o conceito de cidades inteligentes — tema central do estudo publicado no volume 6 do livro Sustentabilidade, Meio Ambiente e Responsabilidade Social — e que ganha destaque nesta coluna por seu alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com os princípios ESG aplicados à gestão pública.
O artigo analisa como as cidades inteligentes podem contribuir para a sustentabilidade urbana no Brasil, com foco na integração entre tecnologia, governança participativa e inclusão social. A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi construída a partir de uma revisão bibliográfica de publicações nacionais e internacionais dos últimos dez anos, destacando os avanços e entraves que marcam essa transição no cenário brasileiro.
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Cidades inteligentes são aquelas que utilizam Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), como sensores, big data e inteligência artificial, para otimizar os serviços urbanos — desde a mobilidade até o uso eficiente de energia. No entanto, o estudo alerta: tecnologia, por si só, não resolve. Para que essas inovações beneficiem a todos, é essencial que estejam acompanhadas de planejamento estratégico e compromisso com a equidade.
O Brasil enfrenta desafios estruturais que dificultam a implementação plena desse modelo. Entre eles estão a desigualdade social e digital, a fragmentação de políticas públicas, a limitação de recursos financeiros e a falta de continuidade administrativa. Dados do IBGE revelam que mais de 70% dos municípios brasileiros não possuem planos diretores atualizados, evidenciando o descompasso entre as demandas urbanas e as estratégias de gestão.
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Apesar das dificuldades, boas práticas demonstram que é possível avançar. O estudo destaca exemplos nacionais e internacionais bem-sucedidos: em Búzios (RJ), o programa Cidade Inteligente implementou redes inteligentes para otimizar o consumo de energia; Curitiba modernizou seu sistema de BRT com plataformas digitais; e o Centro de Operações do Rio (COR) utiliza TICs para gerenciar crises urbanas em tempo real. No exterior, cidades como Copenhague, Amsterdã, Barcelona e Seul lideram projetos inovadores voltados à mobilidade sustentável, participação cidadã e eficiência energética.
Essas experiências mostram que é possível adaptar soluções tecnológicas à realidade local — desde que haja investimento, capacitação técnica e escuta ativa da população. O engajamento comunitário é apontado como um dos fatores decisivos para o sucesso das cidades inteligentes. Não se trata apenas de digitalizar serviços, mas de garantir que os avanços tecnológicos estejam a serviço de um modelo de cidade mais resiliente, democrática e inclusiva.
O artigo conclui que, para construir um futuro urbano sustentável no Brasil, é fundamental fortalecer a governança, ampliar as parcerias público-privadas, garantir o acesso universal às tecnologias e promover a participação cidadã. O alinhamento entre inovação e justiça social deve ser o norte das cidades inteligentes — que, mais do que conectadas, precisam ser coletivamente construídas e eticamente planejadas.
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Em tempos de crise climática, desigualdade urbana e desafios orçamentários, pensar a cidade como um ecossistema inteligente e sustentável é mais do que uma tendência: é uma necessidade ética, social e ambiental. Esse é o compromisso que nos move em direção aos ODS — especialmente os objetivos 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura) e 10 (Redução das Desigualdades).
O estudo completo pode ser conferido no capítulo 1 do livro Sustentabilidade, Meio Ambiente e Responsabilidade Social, da Editora Poisson.
Viviane de Paula é mestre em Educação, auditora interna ESG (ABNT PR2030) e gestora de projetos certificada pelo BID (PMP).
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