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"Câmeras corporais na atividade policial são medidas inócuas e sem embasamento técnico"

A polêmica expõe uma ausência de considerações racionais para diagnóstico e análise de uma realidade complexa

Raquel Gallinati, delegada de Polícia

Publicado em 03/01/2024 às 15:25

Atualizado em 03/01/2024 às 15:25

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Raquel Gallinati, delegada de Polícia  / Divulgação

A polêmica acerca da inserção de câmeras corporais na atividade policial expõe uma ausência de considerações racionais para diagnóstico e análise de uma realidade complexa.

Focar na câmera corporal como solução para os problemas da segurança pública no Brasil desconsidera fatores empíricos, como a redução da neutralização dos criminosos, que agora se mostram mais violentos e persistentes. Além disso, os desdobramentos negativos desse protocolo incluem a possível ingerência indevida na vida privada de terceiros e dos próprios policiais, levantando questionamentos sobre o uso de áudios e imagens como meio probatório.

Alguns setores da  sociedade erram ao estereotipar toda uma instituição policial como arbitrária e abusiva.  A câmera corporal sinaliza que o Estado parece mais preocupado em vigiar seus próprios policiais, que já estão sujeitos a diversos mecanismos de correção, ao invés de combater o crime com investimento em capacitação continuada, valorização salarial e , principalmente, infraestrutura adequada para os desafios inerentes ao enfrentamento da criminalidade. 

Atualmente , apesar das prisões e apreensões de drogas e armas,  a população não se sente segura. O Estado precisa ser proativo, investir em  investigação qualificada e dar ênfase na aplicação de políticas públicas de prevenção . Ações imediatistas e baseadas no senso comum geram impunidade e aumentam a sensação de insegurança.  

Investir em polícia judiciária, é essencial. Repor os quadros de policiais , tanto civis quanto militares, é uma obrigação básica. Não podemos aceitar o descumprimento de princípios basilares e desconsiderar essas medidas elementares, preferindo medidas inócuas e sem embasamento técnico. 

E definitivamente não serão câmeras corporais inseridas na vestimenta policial que trarão mais segurança pública para a sociedade.
 

*Raquel Gallinati 
Delegada de Polícia 
Diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil 
Mestre em Filosofia. Pós graduada em Ciências Penais, Direito de Polícia Judiciária e Processo Penal

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