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Artigo - Nero de plantão

O fogo anda de mãos dadas com o fascismo, mas enquanto houver vida (inteligente), há esperança

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Publicado em 05/10/2020 às 06:35

Atualizado em 05/10/2020 às 11:23

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Por Francisco Marcelino 

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Por alguma razão, o fascismo tem uma paixão pelo fogo. Em 1919, três anos antes de Benito Mussolini ser nomeado primeiro-ministro, os fascistas incendiaram a sede milanesa do jornal Avanti, do oponente Partido Socialista. Em 1933, poucos meses depois de Adolf Hitler se tornar chanceler, os nazistas promoveram uma limpeza literária, queimando milhares de livros de escritores como Thomas Mann, Stefan Zweig e Robert Musil. Esses são apenas três exemplos. A lista é grande. Em 1943, uma das estratégias dos nazistas para debelar a resistência judaica durante o Levante de Varsóvia foi incendiar casas do gueto. Nem é preciso dizer que com as pessoas dentro.

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No Brasil, cujos líderes e seus simpatizantes flertam com o fascismo, os arroubos piromaníacos começaram no ano passado, com a devastadora queimada da Amazônia. E assim, este ano, avançou sobre o Pantanal, além de continuar queimando a Amazônia. Nas redes sociais, viralizou o casal de idosos botando fogo em um livro de Paulo Coelho. Um outro sujeito, fazendo o mesmo, chegou a confundir Paulo Coelho com Paulo Freire em determinado momento do vídeo. Depois, ele se corrigiu, mas disse que a obra de Paulo Freire também merecia ser queimada.

E por que Paulo Coelho se tornou o alvo da vez? Porque ele pediu para estrangeiros não comprarem produtos brasileiros e evitarem assim que o “talibã cristão” controle o Brasil. 

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Não sei explicar essa predileção fascista pelo fogo. No entanto, percebe-se que de incêndio em incêndio caminhamos para nos tornarmos párias da comunidade internacional. Mesmo que nossas instituições consigam evitar que o fascismo controle o país de vez, o estrago é grande. Cientistas já contam os anos que faltam para a Amazônia entrar num processo irreversível de destruição: a transformação da floresta tropical em cerrado. Pelas projeções mais pessimistas, se o leitor ainda não conhece a Amazônia, é melhor marcar viagem assim que a pandemia permitir. 

Dos Estados Unidos, ouvimos uma ameaça que presidentes ou candidatos a presidente costumam a fazer apenas a nações que afrontam a democracia ou tentam produzir armas nucleares. Claro que esse termo, afronta à democracia, é pantanoso. 

Independente disso, nenhum país que sofreu um embargo econômico americano se saiu bem. Da Europa, a mensagem não é melhor: esqueçam o acordo da União Europeia com o Mercosul.

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Mesmo diante desse risco, o Imperador Nero de plantão no Palácio do Planalto teima em negar fotos, imagens de satélite, estatísticas, cientistas, comunidades locais e órgãos de controle ambiental mostrando que o Pantanal e a Amazônia queimam. 

O fogo anda de mãos dadas com o fascismo, mas enquanto houver vida (inteligente), há esperança. Que as Fênix da Amazônia e do Pântano renasçam dessas cinzas.

* Francisco Marcelino, jornalista, escritor e professor

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